quinta-feira, 17 de julho de 2008

E após uma semana... lá consegui vir à internet!!!



Bom dia!!! Quase boa tarde (sábado)… mas valeu a pena.
Dia 10, regresso a São Tomé para uns dias. Que saudades… e stress. Nicolau e Sílvia em stress no aeroporto do Príncipe. Pesagens, de bagagem e nossa, carga a mais ou a menos. Balança totalmente errada/estragada. Bagagem de mão, e os ananases que não foram pesados, e é uma avioneta. Chegada de turistas para o Bom-Bom e… a loucura! Três voos. Dois da SCD e um da STP Airways, que desta vez houve mesmo! Não foi só boato… (interrompo para umas brincadeiras com o Gu, matar saudades, ontem passou o final da tarde, a noite e, ainda, agora, grande parte da manhã em casa, na varanda… com colos dos babyssiters, por vezes, mas não é a mesma coisa). Chegada, deixar as malas em casa, e, pagode com a Cristina, o Leonel e o Carletas (dois polícias das nossas forças especiais que por cá estão a dar formação). Boa disposição e um hambúrguer com batatas e molho cor-de-rosa seguido de ida, com a Cristina, ao mercado (novo), comprar fruta e panos, e ao L&L (uma espécie de supermercado, venda a grosso e retalho, produtos do oriente, do ocidente e não sei “quêlá”, em locais diferentes, casinhas separadas, mas no mesmo edifício quadrangular, cada uma com um só balcão, de madeira, em vidro, com os produtos expostos na parte de trás, e vai-se pedindo, claro que não à vez, por cá não se respeitam filas, ou chegadas primeiro. A propósito deste civismo diferente, a Mariana contava, ontem, que aquando do reaparecimento do Petróleo (de tenpos a tempos vão faltando bens, seja por pura especulação seja porque o barco ainda não chegou) na ilha (não daquele que tanto se fala, mas nas bombas, para a cozinha) não havia fila de pessoas, mas de bules (garrafas). Mamão “piquinino” muito doce, dizem, cajamanga, maracujá e bananas para o Gu, bons preços e regateio. Panos giros… casa deixar as compras, avinagrar a fruta e descer para o companhia, ver gente, o social… e, por isso, o que deu mais gozo, o mais sentir em casa a maior alegria, foi sexta de manhã. Cedinho desci, à ”bóleia”, para a cidade. Praça de mototáxi e encontrei o Dunga. Santo Amaro, Changra e Água Telha. Crianças, animadores, pais, gente. Quatro horas não foram suficientes… ficou a promessa para mais tarde, e ainda falta Santana, Neves, Madre Deus e tantos outros. Modista. Mari. Apresentá-la à Cristina e… calças, saias e vestidos. Trabalho, trabalho e a Mari com a sua boa disposição, os seus elogios, a sua doçura, a sua amabilidade e a sua conversa divertida que nos faz querer ficar para além do tirar as medidas. Conversa em dia, Cristina cativada e almoço no Jasmim (nunca tinha provado o shuarma, boa surpresa). A tarde foi passada no lar a inventariar donativos chegados de… Cascais!!! Pois é… desde bibes do Amor de Deus, aos cadernos do Tomás da Escolinha do Largo, cujo irmão Salvador estudava na pré-primária e fazia uns desenhos muito engraçados, aos livros escolares, colecção inteira, da Maria Hatton, minha pioneira, sem qualquer sombra de dúvida, porque também os manuais do Pioneiro e do Explorador lá estavam. Jantar muito agradável no Pirata e… “night”! Primeira paragem? Festa de Bulawé na praia em frente à Rádio Nacional. Véspera do Dia da Independência e cidade salpicada de festas, a maior na Praça da Independência (desde as 19h, quando lá passei, com Dança Congo (dança/teatro típica), Bulawé, concertos… A festa, a da praia, estava fraquinha, e passámos ao Tropicana. Jogar snooker, eu não… nabisse! Claro que o passo seguinte foi de dança na Dolores, a primeira vez que paguei… e soube bem! Até às 4h da manhã, claro. Enquanto escrevo oiço Rui Veloso e fado, o Américo (guarda) está à janela a ouvir e pergunta-me intrigado “como se dança essa música lá?”.
E numa vinda minha à cidade o tempo é bala-bala e as solicitações são mais que muitas. Já terça-feira e há tanto para contar… tomo o pequeno-almoço com o Gorila. Cereais!!! Há nove meses que não comia (a não ser umas barrinhas que o Reicardo levou aquando da sua visita ao Príncipe), 95.000 DST. Caros demais. Mas vale a pena! (e lá vou sair outra vez…)
De volta. Paragem no inventário dos donativos. Ida à casa de banho, aflitinha mesmo… não havia papel higiénico, teve de ser uma dica da semana de 29 de Dezembro (não sei de que ano) e com direito a ver umas baratas, mortas, embrulhei-as, no resto da Dica de Semana, e vou levar para o Guzinho (adorou! devorou-as num ápice!).
Não perdendo o fio à meada… Sábado, depois de explicar que o fado não se dança, escuta-se, saí com a Mariana, o Malik, o Sayd e o Gorila para almoçar em Folha Fede (perto da Trinadade). Não havia comida… e lá descemos para a cidade, para o Parque. Vermelho! Já não comia há muito e estava delicioso. Tarde passada entre o Liceu, na festa de encerramento do ano lectivo dos cursos profissionais, e a Praça da Independência, onde se festejava o… Dia da Independência (12 de Julho). À boa maneira São-tomense… “tudo ao molho e fé em Deus”. Assim, Tchiloli, Dança Congo, Roda de Capoeira, concerto e Bulawé, na mesma praça e ao mesmo tempo! O Tchiloli é a Tragédia do Marquês de Mântua e do Imperador Carlos Magno, com inúmeras aculturações em que cada pormenor do guarda roupa e cena é uma partilha de cultura portuguesa e africana, plena de significados e onde se mantém a tradição do Séc.XVII, em que as mulheres não participavam e, assim, memso os personagens femininos são interpretados por homens. A Dança Congo é tradicional de cá, mas é introduzida do Congo, “tem Diabo, é diabólica”. Roda de Capoeira e concerto sabem… Festa em grande, iniciada ao final da tarde de sexta-feira com o acender da chama da independência à meia noite, a qual ainda vi acesa no caminho, a pé, da Dolores para casa.
Para além desta festa houve o acto principal, em Guadalupe, no distrito de Lobata. Naturalmente a estrada foi toda arranjada e todo o distrito estava engalanado com os bordos da estrada e muros pintados de branco. O capim cortado, as “bermas” varridas, o alcatrão pintado com frases alusivas ao 12 de Julho. No Príncipe o acto Central foi na Roça de Sundy e pelo que soube correu muito bem, apesar das dificuldades que a CST teve, durante a semana, de para lá instalar routers de internet e telefone.
Sábado também é fim-de-semana e a festa foi no Bigodes. Fraquinha, no inicio, mas depois ficou quente. Mais kizomba, menos tecno, menos Europa, mais África. Domingo!!! Visitar e almoçar na Sagres. Reviver dias de miúda, dias em que corria no convés. Boas conversas e bacalhau à Brás. Pasteis de nata e a boa hospitalidade da marinha Portuguesa. Regresso a terra e mais uma tentativa frustrada de ir ao cinema. Foi encerado e só na quarta-feira… À falta de dinheiro para o jantar, comprámos um pacote de esparguete e fez-se uma excelente (na medida do possível visto a qualidade da matéria prima, e desta vez não é da cozinheira…) massa com alho e orégãos. Segunda-feira de manhã a arrumar o quarto. Só a minha mãe sabe como é uma tarefa árdua… e pensando que em São Tomé é raro ir à praia. Toca o telemóvel e era a Cristina a convidar-me para ir com ela, a Marina e o Filipe até às Conchas. Mar batido e lindo! Verde e azul. Sol e uma boa manhã na praia. Primeiro banho de mar do Gorila… atrás de mim e veio uma onda. Banho e atrapalhação… como odeia água! Tarde inventariando… “rogando pragas” pelo lixo que mandam… acompanhar gente e jantar na Papa-Figo, e acabou a noite. Tropicana não… e não há muitos mais sítios. Diversão? Ver “brrancos” a chegar ao Pestana nas carrinhas e gritar “Brranco! Brranco!”. Conversa puxa conversa e lá se viu mais uma vez nascer o sol, para adormecer e acordar duas horas depois com a Cristina a pedir para fazer de cicerone a dois oficiais da Sagres. Com todo o gosto… esperando que me apanhassem tomei o pequeno-almoço com o Gorila, que num dilema entre a sua educação e a sua natureza, indecisamente estendia a mão numa de tentação de roubar os cereais ou pedir. Optava por não roubar (já sabe a palmada que o espera) e lá lhe dava alguns (bem que no Príncipe dizem que é um macaco europeu). “Bip-bip” e boca do inferno, Santana, Nova Olinda, Água Izé e é bom matar saudades, ver gente, crescida, saber dos pontos (exames de final do período), alegrar-me com as passagens de ano, ver o Raí e o Lizandro enormes, apenas dois meses… sentir novamente o abraço da Jeje e do Miguel, saber que está tudo bem. Ver o padre Cristóvão e notar que continua igual a si mesmo. Partilhar esta gente toda com outros. Esta vivência tão rica que é ter amigos tão diferentes e que nos querem tanto, que se preocupam tanto connosco e que no nosso coração vão estando guardados apesar da distância entre as duas ilhas. Pedidos para ficar mais tempo… mas o tempo é bala-bala e os oficiais têm de estar em Fernão Dias, para embarcar, às 14h00. Fotografias aos rios salpicados de cor. A cor das nossas roupas que as lavadeiras, as mães, as irmãs ou mesmo as filhas acabaram de lavar e agora esperam que sequem estendidas nos seixos dos rios. Passagem no Ôssobo, outro projecto da Santa Casa, loja de escoamento dos produtos de micro-crédito, para comprar os “souvenires” – como acho a palavra pirosa… - e seguir para o Jasmim almoçar uma omelete da terra. Não muito típico, mas o suficiente para matar o gosto, e, sem dúvida o mais rápido! E… lar inventariar!
(E viva o emplastro!)



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