terça-feira, 1 de julho de 2008

empaturrar é o termo correcto




Domingo. Depois das 17h30. Hora do mosquito e… tudo aberto! Luz acesa (já é noite), quarto a arejar, gorila nos meus ombros, sentada na cama a escrever. Claro que… debaixo da rede mosquiteira! – O gorila desceu dos ombros, sentou-se ao meu colo, esparramou-se por cima do teclado e do rato e complicou-me a escrita. Agora aninhou-se no meu peito e está a dar-me beijinhos no pescoço… está com sono. – Oiço Rui Veloso… fim-de-semana agitado, as semanas são calmas, os fins-de-semana de arromba. Sexta-feira à noite já é fim-de-semana… 2 festas. Inauguração da pastelaria Sto António II – a seguir ao mercado direita, direita -, um espaço multifuncional… quitanda, armazém, restaurante, petisqueira, discoteca, casa e quintal dos donos. E um chá. Um chá às 22h. Requinte na noite Principiana. Muito, muito engraçado. Em casa/quintal de uma amiga, na Rua dos Trabalhadores – rua em frente à ponte Papagaio. Decorada com lamparinas, feitas em casca de mamão, alimentadas por óleo de palma, que não deixa cheiro. Mesa de chás e café, e mesa de bolos, tostinhas, biscoitos, omelete, pasta de atum… Música, africana é claro, mas a decibéis aceitáveis. Gente simpática e conversas giras. Também em Sto António II estava um ambiente agradável e divertido. Chegou o novo casal que vai assumir a direcção do Bom-Bom, sul-africano, tal como o que está de partida, e muito simpático – o Gorila adormeceu em cima do rato… já o ajeitei . Estavam lá os dois casais e alguns dos trabalhadores do Bom-Bom, um ambiente muito giro com uma miscelânea de culturas engraçada, ainda com um filipino, o contabilista do Bom-Bom, à mistura. Lá saltei um pouco entre as duas festas e, para surpresa de todos, a energia foi-se às 23h54… ainda esperámos esperançosos, mas não voltou. Não há Gasóleo no país e, assim, em vez dos 40000 litros que costumam receber, a EMAE daqui só recebeu 30000 este mês. Foi surpresa porque, durante a semana, aquando da informação do horário da energia, na rádio, disseram que, ao sábado e domingo, a energia era até às 3h da manhã. Bem… vicissitudes. Foi tudo dormir! Sábado foi dia do baptizado da Lucy, neta da Juditinha (quem me alimenta), filha do Pená (deputado da Assembleia Legislativa do Príncipe) e da Luci (filha da Juditinha) – já pareço as informações da rádio de cá – e da festa das bodas de prata da Graça e do Nicolau. Mesma hora e com jantar. Vários pratos… devo ter jantado 7 vezes. Mais um prato de comida da terra (em Portugal, prato típico), Fungi Manguita. Bom, molho de carne com farinha de mandioca e malagueta (já nem a sinto!) - quem diria que quando vim era ultra sensível a qualquer picante?! Lá me dividi entre as duas festas e diverti-me bastante, dancei, dancei, doeu-me o pé. Conversei… africanos da velha guarda, com Creoula (a cerveja feita em Neves, no norte da ilha de São Tomé) a mais, certamente misturada com VAT 69, vinho de palma e outros. Então… “há conceitos éticos que não podem falhar”… e, naturalmente, “é o homem que avalia!” “O homem é que sabe e decide!” E eu que não tente achar que os direitos do homem e da mulher são iguais, “pois claro que não!” Umas boas gargalhadas!
A Lucy estava amorosa e a festa tinha toda a pompa e circunstância de um baptizado africano, à escala do Príncipe, pois claro. Comida e música “QB”, mulheres da casa a servir e pai da criança atento às bebidas. Graça e Nicolau felizes com a família e os amigos no convívio de um jantar salpicado com reflexões sobre África… é engraçada a gigante diferença que há entre a política africana, os problemas deste continente e os da Europa, as visões acerca dos assuntos. É bom ir compreendendo. Este jantar ajudei a preparar… tudo e todos surpreendi quando descobriram que sabia descascar e preparar, para cozinhar, banana-pão crua. Entretanto… O Gorila descobriu um novo divertimento, saltar e agarrar-se à rede mosquiteira, está doido com a brincadeira. À pouco acordou e já não fez o chichi em cima de mim!!! Depois da ronha desatou a correr e foi fazer o chichi no chão, o próximo passo é ser na rua! Depois de um sábado à noite agitado… um domingo agitado também! Mata-bicho da terra… comecei com leite e bolo, de ananás! – já não sou alérgica. Continuei com cabrito e banana pála-pála, mas ainda não foi desta que me convenceram a acompanhar com vinho de palma. E porque tinha comido “pouco” no dia anterior e ao pequeno-almoço, o almoço não foi diferente… Festa de São Pedro na Praia Abade. Missa na areia com telheiro feito e enfeitado para a ocasião. Baía… pirogas… areia… folhas de palmeira e Jesus Cristo entre nós. Chola, desta vez eu e o Gorila também fomos, bênção das pirogas e almoço… mais uns quantos pratos… polvo, bóbó, arroz, salada, molho no fogo e não posso dizer não… agora são 3 dias sem comer… o que vale é que em sobremesas não são muito ricos, mas o bolo de chocolate da Graça é uma perdição e, vá lá, é saudável, a salada de frutas das irmãs também é deliciosa!!! E não se pense que este almoço aconteceu num salão, numa sala, num restaurante ou noutro lugar similar, onde estamos habituados a realizar estes convívios, com pratos, ditos, pesados. Desengane-se… de cesto, panela, pano e apetrechos à cabeça, de carrinhas, caixas abertas, jipes (um/dois de cada, o parque automóvel de cá deve ser constituído por uns 20 veículos, não incluindo as motas que serão outras tantas, e a maioria é do estado) saiem as senhoras, com as suas iguarias, e na areia começam a estender o estaminé. De colher e prato começamos então a degustar pratos feitos no fogo, no fogão a petróleo (na ilha é muito complicado encontrar gás e portanto não se vêm fogões que necessitem deste combustível), comida que levou mais de 5 horas, nessa manhã, a preparar. E, claro, convívio africano sem música não é convívio… como cá a gente é mais pobre, poucos têm colunas ou aparelhagem que dê para movimentar para a praia (como em São Tomé tanto se via), mas não se deixa de dançar, rir e tocar. Reco-reco, maracas e djambé ajudam! Para a festa o Digo levou o seu Simão, tem mais um mês que o Gorila, mas é antisocial… morde, e foge do Gorila, não quer amizades. Bicho do mato.






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