sábado, 30 de agosto de 2008

Momentos deliciosos...



No Bem - Bom conversando com a mãe pelo skype... Fazendo o balanço do dia. Foi um dia que rendeu... escrevi, escrevi, escrevi e arrumei, arrumei, arrumei o quarto! - a minha mãe está pasma como o consegui fazer antes de anoitecer. Almocei com a Lucy piquinina e fartei-me de aprender. Entretanto parou de chover e, ao sair do almoço... o São Lourenço continua! As batalhas continuam... e os sonhos vão crescendo... e... delicioso! Ondas!!! E não tinha biquini... mas fui vestida, calças e t-shirt, por acaso tinha uma toalha no carro. Não deu para o surf... mas lá quase me tornei rastejante, não sou eu na fotografia mas dá para vos passar o gostinho que tive...

São Lourenço!



Às 7h da manhã somos arrancados da ronha pelo som da trombeta que anuncia o início do São Lourenço. É chegado o dia mais esperado do ano, preparado há mais de um mês com ensaios e festas de São Pedro. “Actuação” de discoteca, na noite anterior, alusiva ao Auto e… Os mensageiros de Carlos Magno e do Almirante Balão começam a recolher os seus pares. Aos poucos as ruas, a seu tempo, à sua vez, são inundadas por gente cujo tom de pele contrasta harmoniosamente com as vestes em tons de verde, branco e azul, vermelho, amarelo e cor-de-rosa. Danças e músicas, acenos, abanar de estandartes acompanham os transeuntes que, ao passar dos exércitos, os seguem assumindo o seu papel de figurantes. Exércitos reunidos. É hora de recolher ao castelo onde os seus senhores os aguardam. Almirante Balão, e as suas tropas, untam-se e bebem do óleo sagrado dos deuses, Carlos Magno, e os seus cavaleiros, rezam ao seu Deus. As batalhas têm início, mas não sem antes os bobos serem chamados. Lutam por rebuçados, jogam cartas e à bola, navegam na internet e, de chicote em punho, colocam os curiosos, os comentadores das batalhas, aqueles que dão os seus “bitaites” sobre como atacar, os pontos, os transeuntes, os figurantes, no passeio, a salvo de espadas e escudos. Está em jogo, para além da fé e da luta por territórios, um grande amor entre Floripes (filha do Almirante Balão) e Gui de Borgonha (sobrinho de Carlos Magno). Vai haver casamento, é certo, ou não seria uma bonita Estória de amor. Casamento é sinónimo de toilette e a população responde a este chamamento. De crianças a adultos, passando pelos jovens, todos envergam a melhor roupa, é dia de São Lourenço! E o dia passa, entre batalhas, escaramuças, provocações e cervejas, intervalo para um churrasco e… acontece o rapto. Por livre vontade, Floripes trai o pai e é raptada pelos homens de Carlos Magno, converte-se ao Cristianismo e casa com Gui de Borgonha. No casamento não faltam o bolo de noiva e o champanhe, aias, a segurar o vestido, e os convidados. O bolo é distribuído pelos transeuntes (eu cheguei tarde…) O Almirante Balão, furioso, invoca o seu deus, Mafoma, e, com o seu exército, ataca Carlos Magno. Mesmo apanhado desprevenido, e ao fim de uma árdua batalha, o exército Cristão sai vencedor e, já de noite, pelas ruas se dança e canta vitória dos azuis, verde e branco. Mas o São Lourenço não é apenas o Auto de Floripes… o dia da festa é o dia 15, assinalado com a primeira encenação do referido Auto, e, ainda, com a abertura das barraquinhas, que se mantêm em funcionamento durante a semana seguinte, até à reposição do Auto, dando uma nova animação nocturna à praça principal. Algumas, de donos mais persistentes, mantém-se abertas por mais uns dias, mais uma semana para além do normal. Quase todas as noites há actuação das discotecas ou outro acontecimento cultural, ora organizado pelas entidades competentes, ora espontaneamente pela população. E, assim, assisti a uma exposição fotográfica, a uma apresentação de uma criança, a um concerto da banda dos escuteiros e, pois claro, ao 2-0 do Sporting ao Porto!!!


Sábado de manhã...







Sábado de manhã. 5h50… começo a acordar. Ontem não houve “actuação” das discotecas. Lá fora, um barulho forte de água. Chuva! Lá me torno a conformar. Até Outubro vai ser ligado… levanto-me. Afinal… não!!! É o ribeiro ao lado do Centro. Chuvisca… 6h e “tshaaap”, chuva, bastante, é claro! Dar mimos e um pepino ao Gorila, ligar o computador e aproveitar para escrever, por a escrita em dia. Há tanto para contar… estes dias têm sido bala-bala mesmo!
Início da semana e, cartas! De casa – acabou o embargo e lá me enviaram os preciosos elásticos para o cabelo, que cá não se encontram -, da tia Laura – preciosos CD’s da Mafalda Veiga e do Luís Represas, variar um bocadinho o tipo de música é bom, e uma camisa! A primeira e única camisa que cá tenho e é linda! -, da Carolina – tão bom saber notícias – e do João, através do mail, com fotografias, sinto-me tão perto… E a semana iniciou, também, com uma fantástica parceria entre mim e o Gorila. Estava eu a ver o Bom Dia Portugal e… pá! Matei um mosquito que matabichava na minha perna, calmamente, o Gorila, agarra e come-o. (neste preciso momento o pepino já foi comido e deixei-o vir para “ao pé” de mim. Está em plena luta com o computador… ciúmes… viu um bicho a passar e correu para a janela. Olhou, olhou, viu a chuva e desistiu.) Este início da semana assinalou ainda a minha estreia em processo penal, defesas oficiosas de processos sumários, “complicadoê”! casos dos quais só tomo conhecimento na audiência… Leis… “Ne pas”… uma parte do código penal fotocopiado e mais nada. O nosso já sofreu tantas alterações… Mas com a “lata toda” pedi adiamento de julgamentos, por falta de informação ao réu que podia arrolar testemunhas, abertura de instrução e, consequentemente, passagem ao processo de Querela, e ainda absolvição do Réu e condenação da ofendida, não apenas no pagamento das custas judiciais mas por falsas declarações - este caso foi o cúmulo do teatro, mas a senhora teve azar de estar eu como defensora oficiosa, que até já levei um murro no olho e portanto sei bem as mazelas com que se fica e com que não se fica, para além das testemunhas oculares que foram ouvidas. A senhora, então, tinha levado tantos murros que até fez “como quem perde a consciência”, abriu “os olhos nos braços de alguém” que nem se conseguia lembrar e sentiu “assim que nem sei que lá”, tudo acompanhado dos respectivos gestos e expressões faciais teatrais, ao pior nível. Mas não tinha nenhuma mazela… E, de entre tantos casos surreais, o melhor foi o da Lapa, só filmado, mas vou tentar contar-vos. O auto de notícia fazia fé que x tinha dado com um remo nas costelas do y. Pois bem, vamos ouvir o x, que é o Réu (nome horrível e que eu sempre substitui por arguido… realmente dá logo uma carga de culpabilidade muito grande). E a confissão foi algo como “depois da pesca estávamos na canoa e chega não sei quem lá de outra praia e inguiça por nós não termos conta no banco. Eu respondo e o y diz que não preciso de ter conta no banco porque também não tenho dinheiro que não trouxe nada da pesca. Brincamos um bocadinho assim como quem dá uns socos e eu deixo de gostar da brincadeira e vou para ele e ele está com uma faca de emalhar na mão e dou-lhe com o remo”, pois claro! É a vez do ofendido… a mesma estória mas com o acrescento delicioso de “ó chefe (o juiz muitas vezes é interpelado por “ó chefe”) eu até lhe disse, compramos 2 garrafões de vinho pomos ali na areia e vamos lutar como homens grandes. Ele não gostou e deu-me com o remo. Eu achava que ele gostava de vinho…” perplexidade no tribunal! Mas a maior delícia estava para vir… “pode trazer a testemunha” diz o juiz para a funcionária. “Testemunha? Pois… foi-se embora. Disse que não estava para esperar mais e foi-se embora, agorinha mesmo.” O juiz emite o mandato de captura e o julgamento fica adiado para as 15h, hora em que aparece a testemunha escoltada pela polícia e pela funcionária. Inicia com a inquirição do porquê de se ter ido embora. “Um homem tem fome, eu não tinha matabichado e a fome própria estava doer, eu antes própria da porta estar aberta já estava cá. Vim da Lapa, por aquele caminho do mato, já era como o meio dia e estava com muita fome. Só fui ali ao lado, à praça comer um pintado, mas depois eu vinha, vinha mesmo. É a primeira vez no tribunal e na polícia (nesta parte, o discurso que já vinha sendo dito num tom alegre, aumenta e o sorriso fica mais rasgado) e é bom mas eu cá não sou homem de confusão, nunca fiz confusão”. Finalmente o juiz consegue cortar-lhe o discurso e explica-lhe/perguntando-lhe se sabe qual é a sua função ali e que ele tem de dizer a verdade, “eu sátiro só digo a verdade, não vim para mentir” e olha para mim e sorri, o juiz chama-o à atenção para o facto de não o poder interromper e ele “tá bem, mas eu só vim para dizer a verdade, não acha menina?!”, começa a ser difícil ao tribunal manter a postura… (o Gorila apanhou um gafanhoto e delicia-se) mas o “pior” está para vir. Momento do juramento… juiz explica que pode jurar por honra ou por Deus e, ao fim de uns coçares de queixo e uns torcer de nariz “hum… pode ser por Deus!”.
Juiz – Juro por Deus,
Sátiro – juro por Deus,
Juiz – dizer a verdade,
Sátiro – dizer a verdade,
Juiz – e só a verdade,
Sátiro – a minha verdade própria. (e bate com a mão no peito!)
E, ao nosso olhar perplexo, espantado explica – pois claro eu vim só para dizer a verdade, eu já lhe disse, é a primeira vez em tribunal, não vim para mentir! (tudo acompanhado com expressões faciais deliciosas) o juiz lá explica que tem de repetir tudo o que ele diz, que é uma formalidade, e tudo corre bem até à redundância… “claro que vou dizer a minha verdade própria!” “porque havia de mentir?” “eu só digo a verdade” “a verdade própria”, e, depois de, ao tribunal, ser impossível conter as lágrimas de riso, lá conseguimos que o senhor fizesse o juramento. Lá contou a história… “estava sentado na minha canoa própria, feita com muito – faz o gesto de talhar – meu” “a hora?... noitinha…” “hora mesmo?... umas onze…” “sim, da manhã… eu tinha chegado da pesca” “o dia?... bem, eu não vou mentir ao senhor. Sabe… eu já estava assim – e sorri – um bocadinho aquecido, sabe como é” e num repente vira-se para trás e calmamente “mas vocês que arranjaram a confusão lembram-se certamente do dia não é?” o juiz lá lhe explica que ele não pode falar para trás, que esse trabalho cabe ao juiz “está bem… mas vocês lembram-se!” torna a virar-se para a frente “Foram eles que arranjaram a confusão… eles lembram-se!”
Absolutamente delicioso este Sátiro…
E muitos casos de remos, murros, difamações foram defendidos esta semana. Somos apenas dois juristas na ilha, o outro é o presidente da assembleia regional, está impedido. O juiz e o Ministério Público estão em São Tomé e vêm cá de tempos a tempos e esta gente é defendida por funcionários que nada alegam, nada dizem… Pelo menso desta vez tiveram uma defesa digna.
Bem… e nisto tudo ainda se prepara e ultimam os pormenores para a abertura do Centro. Quarta-feira, dia 3 de Setembro, já temos data, transporte para os idosos e gente para capinar. Foi difícil… muita ginástica… mas conseguimos! Houve dias stressantes!!! Uma maravilha…
E, nesta semana, ainda houve tempo para arrumar e desarrumar o centro duas vezes por causa dos senhores da MEP, a brigada anti-mosquitos que anda a flirtar as casas com produto, uma iniciativa da cooperação de Taiwan, e que diziam que vinham mas depois não vinham, até que “eu própria” – já estou a apanhar – os fui buscar e fiquei dois dias aflita dos olhos e da cara… (entretanto encontro na minha t-shirt uma asa e uma pata de gafanhoto).
Quinta-feira foi segundo dia de espera do barco, não só por falta do gasóleo na ilha e o carro estar sequinho, mas, essencialmente, pelos bens que vieram para abastecer o Centro. Chegou, ao final do dia. Só ontem descarregaram e… legumes estragados. Um desperdício. Não vai ser fácil… foi também dia do embarque, no avião, do Pde Manuel, vai até Algés continuar a sua missão. Até dia 13 de Setembro ficamos sem Padre, dia em que chega o Pde Arsénio, da Ramada.
Veio a energia!!! Mesmo a tempo… a bateria estava a dar as últimas… deixo-vos com fotografias do acampamento e abertura do ano escutista, que aconteceu na outra semana, e por onde também me fui dividindo, e do Gorila a deliciar-se com o gafanhoto.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Bala bala e com muita paciência

E enquanto scanerizo mais uns orçamentos, (a ver se o Centro abre!) escrevo este post. Na televisão, que está com umas incertezas quanto a transmitir a emissão, é sempre assim depois de vir a energia, chuva, emissão, chuva, emissão, e lá se decide, toca o Rui Veloso com a Ilha do Pessegueiro. Daqui a pouco, um bocadinho do Bom Dia Portugal e Portugal Contacto, que como boa migra até “papo” e por vezes com algum interesse! Migra…
Ontem fiz a minha estreia em tribunal!!! Defesas oficiosas… e que tribunal! E que casos! Que testemunhas! Que arguidos! Que ofendidos! Os casos foram de injúrias e ofensas corporais simples, marido e mulher. Que papel ingrato o meu, especialmente quando ao perguntar ao arguido, tentando atenuar-lhe a pena, se ele está consciente que cometeu um crime, se ele o tornará a fazer ou apenas o fez pela pressão da sociedade por estar sem emprego, por a mulher não querer ter relações com ele, por dizerem que a mulher tem outro e por ainda não ter conseguido ter filhos, e ele me reponde “isso é vérdadi dona, más umas bofetadas são boas para chamar atenção”. E o Príncipe não tem estabelecimento prisional, o governo acha dispendioso enviá-los para São Tomé e lá ficam com penas suspensas… E depois lá vêm as “estórias”, contadas desde o tempo dos trisavós que já se conheciam e ou que eram primos, amigos ou inimigos, e o réu (por cá arguido ainda não entrou no sistema) estava com o companheiro que andava com ele e disse-me não sei que lá no dia trespassado depois de me ter encontrado com o fulano depois da missa, que não tinha sido num domingo. Alguém consegue entender??? Hoje há mais e estou cheia de vontade!!! Honorários? Esqueçam… eles nem dinheiro têm para “mandar cantar um cego”.
Nos entrementes, ou no plano principal, a festa acabou ontem, na Romar (uma Pensão), prometia festa e surpresas para terminar este mês de São Lourenço mas… era o Ely Trindade a cantar, e nós que andámos a fugir dele o fim-de-semana inteiro… O Ely Trindade é o cantor pimba cá do sítio, não sei se se pode falar em Pimba por estes lados, mas não gosto muito, as músicas não são muito dançáveis. Lá o ouvimos, mas a chuva começou a cair e casa! J Tem chovido todos os dias, com abertas durante o dia, com chuva no Rio e na estrada logo ao lado não, com molha do Centro mas do carro não. Maravilhoso. Domingo, dia da reposição do Auto de Floripes, não escapou… mas às 8h, quando começou a busca dos pares, parou e aguentou até ao fim do Auto, 20h e pouco, desabando depois. Lá se cumpriu a tradição que em dia de São Lourenço nunca chove!
E em nota de rodapé… o Nicolau continua a desaparecer e a aparecer. Eu cheia de pressa e o Nuno, amoroso, calmamente e vagarosamente pergunta como estou, se está tudo bem, que é preciso lavar o carro, etc, etc, e eu que estou bala bala a enviar os orçamentos para a Mila, para tomar o pequeno-almoço e ir para o tribunal!

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Festa...



E enquanto o meu mano foi buscar o Fera para eu o ver, iniciei este post... mas o Fera tinha fugido! É verdade... é a última novidade da Ilha, no bem-bom consigo falar pelo skype!!! Portanto... quem quiser ouvir a minha linda voz adicione-me - Mafalda.Velez -, eu estou cheia de saudades de vos ouvir. Hoje vou, apenas, fazer um pequeno resumo do que foi a última semana, notei, à pouco, que já não dou notícias há uma semana! Sintoma... sintoma de Príncipe em festa e trabalho, e cada vez mais integrada nesta vida "principesca". É verdade... é a loucura! O Auto de Floripes começou às 7h da manhã e terminou às 20h, depois conto como foi, com uma reportagem digna que agora me é impossível escrever. Domingo vai haver reposição e terminará a loucura. (notas importantes... a A5 é o melhor acesso a Lisboa! Vão ter aguaceiros a norte e no centro, por cá espera-se chuva... "a potes"!) Como estava a dizer, festa que é festa exige mais animação e mais gente, assim, estão, por cá, dez vezes mais pessoas que o normal, no entanto continuo a ouvir que a cidade está vazia... pobre gente, perdoa-lhes Senhor que não sabem o que dizem! Estrangeiros... ;) E, assim, todas as noites tem havido animação, mesmo que seja só nas barraquinhas. Somente sábado houve descanso (eu já estava a desanimar), dia seguinte ao Auto, em que nem pão houve na ilha - também porque o dono da padaria é adventista. E, para finalizar.... ontem estive na esquadra da polícia por um despiste de um amigo meu que não tinha carta (o que por cá é o comum, não há escola de condução... nem de mota nem de carro, o normal é não terem carta). O filme... surreal, pois claro! Desde militar a vir buscar-nos, a polícia com calções e pólo vermelho a mostrar a barriga dizendo que era o subchefe, para não falar do cheiro a cacharamba, até a justificação para a apreensão do carro ser que quem tinha chamado a polícia é o secretário das infraestruturas. Claro que hoje de manhã deu motivo de pedido de imensas desculpas por parte do comandante e pagamento da multa pela contra-ordenação. Por cá os códigos são todos anteriores a 1975, ainda não era crime. Entretanto, estão cá os escuteiros para o ACANAC, e chegou também o Juiz que me pediu para fazer umas oficiosas! Matar saudades!!! E são as últimas da Ilha... ;)

Deixo-vos umas fotografias do Auto de Floripes, água na boca...

Reparem bem em todos os figurinos, desde os trajes às posições bem como aos escudos que indicam os personagens!

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

quarta e quinta feira

Quinta-feira de manhã… o Gorila brinca com um crachá de apoio ao Obama que o Adelino me deu quando estive em São Tomé. Antes, “catou” todas as redes da portada do meu quarto em busca de insectos. É véspera de São Lourenço e sente-se o buliço na ilha, na cidade. Muita gente chega de barco e de avião. Há mais aviões por dia e aviões em dias que não são dias de voo, como ontem. E ontem choveu, tal como antes de ontem, e hoje também amanheceu a chover. Está fresquinho. Também choveu na segunda-feira. Julgo ser razão para vaticinar a ida da Gravana. Não é mau de todo… a água vai voltar a estar quentinha, mas no exterior está fresquinho, ontem, foi, quase, dia de cobertor! E ontem também estive a fazer capoeira, numa roda improvisada com a escola de dança do Marcelo, bastante desorganizada, mais dança e espectáculo que jogo… aprendi, ainda, um passo de dança tipo cobra, no chão, de barriga para baixo e de barriga para cima, mais simples este último que acertei desde logo. O de barriga para baixo foi anedótico, mas depois de me muito rastejar e rojar no chão lá atinei. Ontem continuou a saga da busca de iogurtes para poder fazer os meus… há dois dias à procura… hoje lá vou tentar outra vez. E esta gente continua a surpreender. Não a surpreender, a maravilhar. Apesar das dificuldades e das constantes rupturas de stocks, dos assaltos a quitandas que têm havido, continuam a dar o seu máximo na preparação da festa. Imensas barraquinhas já estão montadas, bem como os 3 castelos que darão vida ao Auto de Floripes. O Castelo do Almirante Balão, o do Carlos Magno e o do Gigante. Os adereços também já estão prontos e as espadas das inúmeras batalhas soldadas… pesadas! – Apanhei com uma no pé… Entretanto este tempo e o tempo não ajudam ao expurgar da preguiça, do leve leve, e, apesar das muitas ideias para o projecto nos direitos da criança e de estar cada vez mais encantada, motivada, com as pesquisas, os dados e as necessidades o escrever, o sair do terreno e sentar-me em frente ao computador não está a ser muito estimulante. Vou fazer em power point… diferente, pode ser que motive mais. Entretanto cá continuo com a minha aprendizagem do Lung’ Ihé e do crioulo de Cabo Verde, para além de ter regressado ao Inglês, ao Francês e até ao Alemão, com a chegada de novos estrangeiros à ilha, é pena estarem só de passagem. Passô ô. ah... consegui os iogurtes!!!

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Início da semana

E começou a semana… segunda-feira com formação durante a manhã e a tarde na ronha… interrompida pelo Nicolau, que me desapareceu de manhã e, à tarde, me apareceu, no centro, com um grupo de pessoas para o visitar… sem avisar, assim do nada! Doido!
Hoje os formandos foram até Ribeira Izé, onde Maria Correia, a Princesa do Príncipe, tinha uma roça. O tema da formação era “História do Príncipe” e, no campo é que se aprende. A tarde de hoje foi passada a ler a Convenção dos Direitos da Criança e na conversa com a Inês. Nada de extraordinário este início de semana a não ser o Gu me ter feito um chichi no ombro, coisa que já não acontecia há algum tempo, e, depois de alguma insistência, ter conseguido que o Inforbar-mine boutique fizesse sumo natural! Ah… entretanto já chegaram à ilha umas bolachas de chocolate aceitáveis e com o sumo natural foram comidas agora ao lanche. Sair de casa e ir até à net na assembleia… já está a funcionar (!!!) tal como já há gasóleo. Hoje vamos ter energia até às 24h, como habitual, em vez de se ir às 21h30, como ontem aconteceu! E… em tom de nota de rodapé, estes dias estão a ser de loucura! Hoje atracaram dois, sim, dois barcos, e, para além de ter havido avião, foram realizados três voos!!! É a loucura! Amanhã parece que há mais voos…

domingo, 10 de agosto de 2008

Fim de Semana



Capaz de esganar alguém… sábado de manhã e ainda não pararam de me chamar, para além da comichão terrível (para não falar do inchaço) que tenho na mão devido à picada, ou melhor, mordedura de um bicho vermelho do tamanho de uma libelinha, ontem à noite, e que doeu bastante. Ontem, sexta-feira, aproveitei e fui para a loucura, mas deitei-me cedo. 2h da manhã. Hoje poderia dormir mais, para além das 7h. Puro engano! Esqueci-me que cá já estou como em casa, assim, em vez de ter os manos a descerem as escadas a correr, lutas pelo comando ou refilices e mãe a perguntar o que querem ao pequeno-almoço, tenho o Gorila a querer comer e ir à casa-de-banho às 5h e pouco (chegou a energia), quando volto a pegar no sono, finalmente, alguém da escola de dança do Marcelo, que ensaiaram aqui ontem à tarde e me cravaram desde cartas a carregador de telemóvel passando por um lugar para guardar ovos e… esqueceram-se deles! Nada melhor que me virem chamar às 8h da manhã! E, última tentativa… 8h40… “Máfálda!” finjo que não oiço, penso ser pesadelo, mas… “Máfálda!”. Nem quero acreditar, mas o contínuo chamar não engana. Aproximo-me da porta, espreito... “Marcelo pediu para Máfáda enviar o CD para gravar”, já não me atrevo a andar, a ir abrir o portão, a explicar que eles sabem que durante o dia está tudo aberto quando estou acordada e no centro, portanto se vêem as janelas fechadas e o portão do mesmo modo é porque algo se passa, especialmente, e provavelmente, estarei a descansar, não me dou ao trabalho de “ameaçar” que da próxima vez que acordar às 3h ou às 5h da manhã os vou acordar, faço um esforço para falar e digo-lhe para ir chamar o Marcelo. Afinal de contas está com a minha máquina fotográfica há 3 dias. “Máfálda!” é ele, e ainda “reclama” por eu estar a descansar (foi-se a energia), o Gorila aproveita a brecha para entrar e arranca uma tecla ao computador (veio a energia), é o divertimento dos últimos dias – arrancar teclas. Vou-me vestir, tomar o pequeno-almoço e ir para uma praia deserta, recôndita dormir!
Domingo – e fui mesmo para a praia recôndita, deserta. Eu e a Inês, uma portugesa, impecável, que veio até STP especialmente para conhecer o Príncipe. Não dormi… destrancei o cabelo, que trabalheira! Mas descansei… recarreguei baterias para a noite do Festival Internacional do Príncipe, o festival em honra de Camilo Domingos, o cantor São-Tomense mais famoso, falecido há três anos, vítima de doença prolongada. Era novinho e a sua morte ainda é muito sentida e vivida. Numa primeira parte actuaram grupos locais e as estrelas encerraram, Angolanas e São-Tomenses. Gostei especialmente do Anselmo Ralph, um Angolano, que em duas músicas decidiu desligar o Play-back e cantar à capela. Para além de se ouvir realmente a sua voz por cima do Play-back nas restantes. Já gostava das músicas dele e da voz, ganhou mais pontos. Seguiu-se discoteca…
Hoje o dia foi mais leve-leve com ida à praia caixão (de carro, já há estrada até lá. Antigamente era a parte do caminho até Maria Correia que tinha as subidas com fama de matarem qualquer um) ajudar uns amigos e à tarde praia salgada com a criançada. Direito a banho no rio, destrançar cabelo, lavá-lo com sabão azul e branco e tornar a entrançar (o meu não!). Agora?... Ouvir a RFM sem cortes pelo meio, actualizar o blogue, ver os mails e as notícias. Onde? Bem-bom pois claro!

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

A última semana... (a net no bem-bom é muito bala e bué bala-bala)


No bem-bom, hoje até que nem vim dar um mergulho, só acompanhar gente e beber um sumo natural - é o único sítio na ilha onde o podemos fazer, por sorte ou "charme" alguns são oferecidos e o pocket money vai dando para os gastos. Por falar em gastos... Hoje fui comprar um cartão de 50 contos da CST, os novos cartões que eles, enganando os clientes, dizem terem baixado os preços. Mentira! O preço das chamadas e das mensagens continua o mesmo, podemos é carregar saldo de menos valor (ah... 50 contos são 50.000 dobras, mais ou menos 2,5 euros). Vim à net ver se consigo colocar o vídeo e fotografias do desfile e da palestra do dia internacional da mulher africana, da formação vocês veêm no vídeo, se o consegir colocar, são a prmeiras images. Entretanto... ontem andei no snorkling pelo lado de fora do bom-bom, excelente, imensos peixes papagaio e moreias... feias "dimás"! Já é sexta-feira e a semana passou a correr... perdi um bocado a noção de tempo, e de hoje a uma semana já é o 15 de Agosto, o Auto de Floripes, a maior festa da ilha. Imensos turistas a chegar... "Brranco, brranco" "muitoê" e portugueses. Ouvi dizer que o Jomin, professor Jorge Miranda para os estranhos, está por cá, mas ainda não o vi. Continuo na minha odisseia em busca de informações para o projecto dos Direitos das Crianças, e que odisseia... mas cheia de "pica". E... lembrei-me agora... falei para a Rádio e para a TVS!, sobre a formação que estamos a dar na Santa Casa e sobre o voluntariado. Nestes entretantos, hoje fui acompanhar a Nha Dungas, que me deu 3 ovos para o mata bicho de amanhã, o Gorila dorme, os mosquitos comem nos intervalos do repelente e eu, para além de coçar, dou-vos notícias e vejo as vossas. Reforço o repelente e... Pássô ô!

E quinta feira escrevi assim... Escrevo este post enquanto me acompanham, 3 meninas vieram acompanhar-me e decidi ainda assim escrever. Decidi fazê-lo especialmente depois de “Máfálda vai deixar ele crescer?” referindo-se ao Gorila, “claro”, “para depois comer ele né?”. Pois é… por não escrever à medida que vou vivendo, ouvindo, sentindo tenho-me esquecido de momentos, frases, conclusões deliciosas que vou vivendo no dia-a-dia. Assim, decidi escrever… também porque estou sem energia (sem luz, como por terras lusas dizemos) e estou com algum tempo, que me tem faltado. Ainda bem!!! As obras no centro começaram, finalmente, e a formação também! Segunda-feira dei o módulo da importância do voluntariado e do serviço na sociedade e, especialmente, na sociedade São-Tomense. Fiz um vídeo no Windows Movie Maker, que aqui vos deixo. Fi-los pensar… reflectir… e deu trabalho. Bastante! Mas tinha 3 horas e conseguiram. Fizeram coisas diferentes, apareceram com ideias novas, debatemos. Fiquei contente! - “todo o branco tem cabelo comprido” constatação feita por quem me acompanha ao apreciar as fotografias que tenho coladas na parede do meu quarto. E recordo cada um de vocês, as saudades e os 10 meses que ontem fiz fora de Portugal. Saudades… imensas. Retomando… ontem, para além de assinalar os 10 meses de pisar solo São-Tomense pela primeira vez e de vida cá sem ir a casa, fiquei muito feliz com a entrega de duas cadeiras de rodas a dois deficientes. O Dr. Mayer, suíço, angariou-as na Suiça, o seu país de origem, e entregou-as à Santa Casa. Nós conseguimos duas para o Príncipe. Para o Inoque e para o Carlos Moreira. A do Carlos vai precisar de várias adaptações… mas foi o que conseguimos arranjar. Precisa de uma cadeira ortopédica todo-o-terreno. E, ontem, a alegria dos pais do Inoque, as refilices do Carlos Moreira e as constatações do Tiobaldo, director da rádio regional, acerca destas refilices que “filho de branco é refilão e exigente”, e ele não conhece o meu “génio”, encheram-me o dia! Oiço música e esta gente canta outra… há falta dos manos tenho esta gente que me acompanha. Agora, dançam!!! Pelos menos não fazem barulho. O Gu acordou e quer brincadeira. Entretanto, palmada no pé, no meu, era um mosquito… nem às 14h me deixam em paz! E por falar neles… terça-feira fui para a Roça em busca de sap-sap, ananás e cacau. Fui “chacinada” pelos mosquitos… mas encontrei cacau maduro e ananás!!! À noite fui jantar ao aeroporto… um excelente caril de frango, galo, rende mais que a galinha, e, como estava bem cozinhado, não estava duro como é habitual na galinha forra! Está calor… vou dar um mergulho! Continuação de Domingo e Segunda-feira! Depois de 3 sumos naturais lá chegou o Ti (o encarregado de mecânica do Bom-Bom), emprestou-me gasóleo e voltei para a cidade. Surpresa!!! Tinha a velada de armas dos escuteiros no Centro. Ofereci-lhes iogurtes e a minha paciência… são impecáveis e uns amores. Barulho a noite toda, e eu que estava a precisar de descansar, e ao pequeno-almoço, eu que tinha guardado um último pacote de bolachas, “ne pas” de bolachas… nem chocolates!!! Um crime!!! Vão ter de resolver… é que aqui, no Príncipe, chocolates é um bem inexistente e bolachas um bem escasso, raro! Bebi uns iogurtes, apesar de ter oferecido, na noite anterior, um a cada escuteiro, e fui para a missa, para as promessas. Transcreveram o nosso cerimonial, e no da promessa de dirigente, como é pouco utilizado, ainda não emendaram as particularidades, então, várias vezes ouvi Portugal e C.N.E…. A tarde foi passada em frente ao computador a fazer um vídeo para a formação que hoje dei sobre o Voluntariado, a sua importância, e o Serviço. Correu bastante bem… mas as actividades foram “puxadas a ferros”, mas consegui e no final fizeram “coisas” muito engraçadas! Depois das 4 horas e um bocado a fazer o vídeo fui até ao convívio dos escuteiros, muita comida e kizomba. Conversas e risos. Vim cedo para casa… e, hoje, formação com tarde de Bisca 61, já levei menos capotes, e passagem no Bom Bom para pagar o Gasóleo. Mais um excelente sumo natural de ananás e… lembrei-me!!! Hoje de manhã tive de ir ao BISTP (Banco Internacional de São Tomé e Príncipe) levantar um cheque em euros, na conversão dava qualquer coisa como “nãoseiquêlá” e 4.000 dobras, como não tinham moedas não me queriam dar as 4.000 dobras. E foi o riso geral por estar a exigir as 4.000 dobras! Ainda é suficiente para 2 iogurtes no armazém! Bem, lá me deram 5.000… ;) era o que mais faltava, o banco a dever-me dinheiro…

sábado, 2 de agosto de 2008

consegui, finalmente, publicar o filme!!!

sábado...

No Bom-Bom... desta vez não no "Bem-bom", talvez sim. Afinal, quem corre por gosto não cansa! A trabalhar num projecto sobre os direitos da criança. Aqui a net é mais rápida e... há!!! E saio da cidade... óptima ideia, não fosse o carro estar na reserva e ter ficado sem gasóleo a meio do caminho. Lá tive de vir a pé... faz bem! Ontem foi um dia proveitoso e gratificante. Apresentação do curso de Animador sociocultural voluntário, preparações, conversas com gentes e, à noite, um desfile de moda com "noitada" (a energia acabou às 2h30) no Bom Sítio. O desfile bastante engraçado, com roupas feitas de materiais da terra, música ao vivo pelo Ofreu, não, não é Orfeu, e apresentação da escola de dança do Marcelo, muito bom mesmo! A noitada com muita dança e gargalhadas. Ah!!! E já sei jogar à Bisca 61, até ganhei algumas mãos... mas levei muitos capotes. é estranho jogar com a quina em lugar da manilha e não ser obrigatório assistir ao trunfo ou mesmo à pinta. Jogo em que as regras são as regras da batotice... e eu que era cromissima em miúda...

31 de Julho - Dia da Mulher Africana

Deitada na cama, comendo umas esferas de cacau 100% com gengibre cristalizado da Corallo, escrevo este post. Cansada… depois de um dia de trabalho intensivo, especialmente a parte da tarde enfiada no computador, a noite não foi de descanso… gente simpática decidiu “Jambinar”, fazer Jambi, uma manifestação cultural associada à feitiçaria durante a qual se bebe cacharamba, e afins, e se tocam batuques num ritmo constante de transe levando os participantes a actos impensáveis como trepar árvores de costas, caminhar sobre vidros ou rebolar sobre brasas. Antes do Jambi há todo um ritual… desta vez, e para se chamarem uns aos outros, bateram nos portões das casas. Enganaram-se e vieram ao meu, depois de andarem a sussurrar em volta do centro… estão a imaginar o medo. Para completar… os batuques foram a uns 3 metros com direito a gritos e muito ladrar dos cães. Ainda aguentei uma hora… mas depois liguei ao Nicolau, que com a Graça me veio buscar, e dormi lá em casa. O Gorila dormia… deixei-o. Há falta de Gorila, às 6h o papagaio do Nicolau começou a berrar. Lá me levantei e vim ver do Gu, que se tinha conseguido soltar, e comia “feliz e contente” o meu chocolate com nibs de cacau açucarados… pequeno-almoçar. E hoje é dia da mulher africana! Dia especial, pede traje especial e lá me vesti de Sanguê para a palestra sobre a Menopausa. Interessante, especialmente pela afluência, apesar do atraso de uma hora, aliás, só houve essa aflu~encia pelo atraso, ou o atraso foi causado pela espera da afluência… é assim! Infelizmente o cansaço não me deixou ficar para o almoço e para o convívio, que durou até ao pôr-do-sol, até depois de ter chegado a praia, com a criançada, a Joana e o Duarte. Também só fui porque já lhes tinha prometido… ainda os levei ao Pimpa, para comprar ananás e conhecerem a personagem, amoroso e sempre preocupado com a menina Mafalda.