quarta-feira, 30 de julho de 2008

últimas (compactadas)!!!

Aterrei às 17h… “frrio”, tirar o casaco da mochila e habituar os olhos à nebulosidade, à fraca luz refractada e… “Mafalda!”, tantos “Mafalda!”, cheguei a casa. E, este sentimento, aquece e apazigua as saudades. De volta… e agora, sem internet, escrevo e depois colocarei tudo de uma vez. Ainda falta uma semana em São Tomé, bala-bala. Agora é o leve-leve, melhor, o “sem stress e nas calmas”. A Lucy dorme no meu colo, a Renilda na esteira, a Judite e a Eustáquia na sala. Eu escrevo e a Piqui entrança-me o cabelo. O Gorila refila lá fora, teve de ir para a rua… estava a “portar mal de abuso”, e o tempo estica, as horas duram e vivem-se mais lentamente, há tempo para as saborear… organizo as fotografias de São Tomé e vou contando a segunda semana.
Como as obras no lar estavam, e continuam, num impasse por causa do financiamento e era necessário terminar o inventário dos donativos tive direito a mais uma semana na capital, que se prolongou até segunda-feira. Domingo seria a data… mas o avião teve uma avaria. Até domingo, porque vir quinta-feira ou domingo era indiferente para o Centro de Dia e eu ficava mais um fim-de-semana na cidade, mais tempo para acompanhar, apanhar o final da bienal e a festa de Santana.
Assim… da última vez estava de saída para a Festa Junina. O que é uma Festa Junina? A sua origem remonta ao antigo Egipto, onde, nesta altura do ano, se celebrava o início das colheitas adorando os deuses do sol e da fertilidade. Aquando do domínio romano esta tradição foi levada para o continente europeu, especialmente para Espanha e Portugal. Mais tarde, o Cristianismo tornou-se a religião maioritária do Ocidente e a festa manteve-se, mas com o cariz de homenagear São João Batista. Sendo o Brasil uma ex-colónia portuguesa, herdou e manteve este costume, especialmente no Nordeste, onde os festejos coincidem com a colheita do milho. As Festas Juninas (antigamente denominadas Joaninas) homenageiam, simultaneamente, Santo António, São João e São Pedro (os três santos principais reverenciados durante o mês de Junho). É a maior festa folclórica e popular brasileira, comemorada em todo o território daquele país, sofrendo já influências dos emigrantes. Esta época é vivida com brincadeiras, pratos típicos, dança e muita superstição, e nada disto faltou, para além da Dança da Quadrilha, que é um casamento típico realizado na Roça. O “Arraiá Junino” foi realizado no Largo do Bom Despacho, contíguo à Embaixada do Brasil, outrora degradado, agora recuperado por aquela e excelente para este tipo de iniciativas. O mais giro foi o ser aberto a todos e o bilhete de entrada ser um quilo de comida não perecível para ser entregue a famílias carenciadas. Entretanto o mestre Wipópó, que afinal é Wipipó, insistiu para que eu e a Mariana nos juntássemos à roda. Ora, eu não jogava há 4 anos, e durante esse tempo foram só uns míseros 6 meses, a Mariana é que é croma - 6 anos! - mas o Sayid estava rabugento. Lá fui eu sozinha. Com direito a abádá do grupo e tudo!!! Estava reticente em jogar e, ao ritmo de Angola, enganaram-me. Sem dar por isso já estava no meio da roda. Correu bem e foi bom para matar saudades e fazer renascer o bichinho. Durante a semana fui a mais umas rodas, uma delas no pestana, e a um treino, com o Gorila às costas!
O fim-de-semana da festa Junina foi também o fim-de-semana da festa na Madalena. Lá fomos, no sábado, depois do arraiá brasileiro. Comes, bebes, discoteca, palco e bulawé, nem o fogo de artifício faltou (chê… não acreditem não… era uma instalação elétrica! Mas na fotografia parece mesmo!). Domingo foi dia de missa na Madre Deus, para matar saudades, e praia das conchas com almoço nas Santolas. Santola é “bom de abuso”, mas desta vez serviram-nos os restos do casamento da sobrinha do dono, que tinha acontecido no dia anterior… Pelo menos tivemos direito a banana frita! (entretanto a criançada toda acordou, vieram acompanhar o Midrael e outro moço e descobriram-me um cabelo branco -”é da raça”- diz a piqui – só a lucy continua o seu sono. Não percebo como, com a confusão que aqui reina!). Ao mesmo tempo estou a tentar resolver uns problemas que Lisboa inventou… não entendem…
Finalmente o descanso… pelo menos o silêncio. Depois de 3 horas a entrançar o cabelo, ficou “chiqui de doer”, com perguntas, queixas, telefonemas e, ainda, a trabalhar sabe bem deitar o Gu e, a ouvir música calma, continuar o post.
Assim, a semana bónus foi muito bem aproveitada para acompanhar outras gentes, passar no campo de férias e ir a Santa Catarina ver o pôr-do-sol (este oferecido pela SCD, a companhia do avião que avariou e me proporcionou mais um dia na ilha). Passei a pente fino as várias exposições da Bienal, que, para mim, foi demasiado elitista e intelectual. Esqueceram a parte cultural do evento. Perderam uma excelente oportunidade de sensibilizar toda a população, de envolver mais gente, e, esqueceram o Príncipe… Poderiam, com pouco, ter levado a arte e a cultura às Roças, ter trazido gente das Roças às exposições e, apenas o Malé, utilizou materiais locais. Muito para crescer, muito para desenvolver. Mas houve iniciativas interessantes, como a “Noite Crioula”, noite com Bulawé e pratos típicos, na rua, em frente à Teia de Arte, ou o Tchiloli (na sua versão curta) que mantendo a tradição do ser ao ar livre, foi num espaço mais calmo, mais fechado… deu para entender!
Nos entretantos…
aprendi a fazer iogurtes com leite em pó. Muito simples. Leite meio gordo, daquele que se vende em saco, ao quilo. Meio quilo deste leite, água fria a olho e bater muito bem. Juntar um outro iogurte destes, que servirá de fermento, e tornar a bater bem. Logo de seguida água a ferver da mesma medida que a água fria, e… bater! Colocar nos copinhos de plástico (deu para 24), abafar muito bem e esperar 4 horas de relógio. “tanã!!!” Virá-los de “pernas para o ar” e… não caiem! Excelente! Prontos a serem comidos e frigorífico. Com cereais deram excelentes pequenos-almoços.
Vi um triângulo europeu e uma bomba de gasolina "chique de doer"!














Um barco no meio da cidade…


E um concerto com sistema de som avançado na Folha Fede.
E, claro, visitei a Casa dos Pequeninos. Uma instituição perto da EMAE, por trás do matadouro, que o meu distrito de Rotaract, o 1960, está a apoiar. Vale a pena… vão ao site, e quem quiser ajudar contacte!!!
Esta manhã foi bala bala a terminar a resolução dos problemas postos por Lisboa e com inscrições para a formação, que começa sexta-feira.
Antes que a net vá à vida… pássô ô!

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