sexta-feira, 27 de junho de 2008

e por causa de um arranhão...

7h30 da manhã e no hospital, por causa de um arranhão! Amazing… pois é… ando no mato de chinelos, faço “trinta por uma linha” e fui-me magoar, na 2ª feira, em casa. O pé escorregou no canteiro e fiz um corte de 3 centímetros no tornozelo do pé esquerdo. Lavei com água, estanquei o sangue e continuei a minha vida. Ontem começou a deitar pus, a doer e a inchar. Espremi. Quando me levantei da “sesta”, doía bastante, andava mal. Como não melhorava e “encheu” mais, apesar do gelo, e não tenho estojo de primeiros socorros, por volta das 19h fui ao hospital, não há centro de saúde. Hospital por causa de um arranhão… ridículo!… mas ridículo foi não me terem podido fazer nada! Só pôr betadine, nem limpar porque a enfermeira não pode mexer em infecções e não há médico aquela hora. Se eu já me sentia o cúmulo do ridículo por estar a vir ao hospital por causa de um arranhão, esta manhã ainda me sinto mais. Vir ao hospital, ao médico, por causa de um arranhão. E não é que ainda fui gozada por não ter vindo assim que fiz o arranhão?! Surreal! O Nicolau bem me disse que devia ter vindo ao hospital… mas, claro que nunca iria ao hospital por causa de um arranhão! Pelo menos venho por causa de uma infecção… agora não consigo conduzir, nem andar bem – que isto dói demais. E, assim, ontem já estava no lar às 19h30, com jantar na cama e tudo. Inválida, é o que é, e na Santa Casa da Misericórdia… só mesmo a mim! E, agora, espera… a consulta começa às 7h, sou a primeira dos adultos, e quando pergunto “mais ou menos a que horas o médico costuma chegar” a resposta já não me surpreende “daqui a pouco”. Fui atendida às 9h30, e pelo pediatra.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

30 minutos de relógio...

“pois… vim tomar o pequeno-almoço e hoje tenho folga. E tu? Vais trabalhar?” “vim agora de um trabalho e também estou de folga” “eu acho que vou correr um bocado para a praia Évora, queres vir?” “correr… podíamos ir passear, lá para Nova Estrela” “já conheço, podemos ir até Bela Vista…” “Mafalda ainda não conhece lá? Vou mostrar Mafalda a barragem, inda não foi lá?” “boa ideia! Quanto tempo?” “30 minutos de relógio” “ida e volta?” “ida” E assim aprendi que nem a hora de relógio por cá bate muito certa, já o tinha notado, mas agora tive mesmo a certeza… mas quem é que precisa da hora do relógio quando a hora do tempo, da vida, da conversa é tão mais saborosa, tão mais saboreada? E, assim, partimos pela rua feliz (quem passa a ponte do Rio Papagaio vira na 1ª à direita) em direcção à Bela Vista, passámos pelas irmãs, pela escola (onde vários alunos faziam as revisões para os pontos), a casa do Nicolau e seguimos a passos largos. Gente que passava por nós num “bom dia” espantado da nossa pressa, eles que tudo e nada transportavam e leve-leve fazem o seu caminho. Quintal da Bela Vista e crianças em idade de jardim espantadas por verem uma “brranca”. 30 minutos da cidade e as idas são tão raras… é mais seguro o quintal, as brincadeiras no rio, o sentar à porta do hospital e o correr com uma hélice que roda, uma hélice feita de bule de óleo. É mágica, sentem eles sem o saber dizer… continuamos estrada fora pelo ôbô. Já teve estrada, o Cac lembra-se da barragem cheia quando tinha uns 5 anos, bué tempo, ele agora tem 24. Nessa altura já o gerador tinha parado há tempo demais, o gerador só funcionou 2 vezes. Chinelo no pé e ôbô dentro – lembro-me do espanto que Porto Real nos causou quando foram até ao morro papagaio de chinelo. Sobe, desce, desvia, baixa, trepa as árvores que vão caindo, e a estrada de calhau ainda espreita debaixo da erva, do projecto de capim que vai “relvando” o caminho pautado de postes eléctricos, já sem fio, que “era para lévar a energia pará cidádi”. E os 30 minutos de relógio já tinham passado há algum tempo quando avistamos a primeira máquina da barragem. Tão diferente… um sólido hexagonal em forma de “L” com uns 2, 3, 5 metros e funda bastante “e a água entra lá, faz não sei quêlá e sai por esse tudo lá”, engraço imaginar o engenho quando apenas se vê um fundo de limo verde, ver a diferença com as nossas barragens. Seguimos rio acima, desta vez por dentro do rio. Pedra, pedra, pé na água e o fresquinho sabe bem, “frrio”, diz ele, quente, mais quente que a nossa água do mar. E já caminhámos 1 hora e 15 quando chegamos ao depósito de água potável. Os olhos abrem-se e espantam-se, não por algo que o depósito possa ter ou ser (é uma caixa quadrada enfiada na terra cuja tampa – o que se vê – tem 1mx1m) mas pela capacidade que esta paisagem deslumbrante, que todo o caminho me embriagou, me faz, mais uma vez, maravilhar. E fico assim só, gozando esta dádiva… esqueço-me, por momentos, das horas de relógio, da noção de tempo. Permito-me uns breves instantes de irresponsabilidade e de chinelo no pé, bebendo água do rio, gozo, deslumbro-me e… temos de ir embora. Às 12h tenho de estar no Centro de Dia. Tudo está sob o controlo mas temos de acelerar o passo. Descemos já pela estrada e “vamos por esta” “é mais perto?” “pode ser. Não sei como está a estrada. Esta foi a primeira estrada que fizeram para aqui” metros à frente já nem vestígios de estrada há. O ôbo tomou o seu antigo território e não só nos equilibrámos em cima de condutas de água, como também de raízes e troncos para não cairmos de uma altura considerável e não nos molharmos e estatelarmos em cima dos seixos do rio. Chinelo no pé (santomense ou moncon) e plantação de folha… cerrada, 2 metros de altura. Gorila aos ombros e Cac a perder de vista, o que vale é que já estamos outra vez na estrada. Pés cheios de terra e folhas, pequeninas e alguns insectos. Sabemos que já estamos próximos quando se ouvem as crianças no rio a brincar. As mães estão a lavar a roupa e a Bela Vista fica já lá à frente.
Foi um bom corta mato. Entro na cidade e muito se espantam por “máfáda está comer cacau” e lá sigo partilhando-o com o Gorila. Faltavam 5 minutos para o meio-dia quando cheguei ao Centro de Dia! A caminho do almoço… “Máfáda passei!” “eu também!” “almofada, almofada eu também pássei!” que alegria… os pontos começaram a sair. “aqueli outro lá não passou, mais professora dissi qui eli ia pássar” “até à 4ª classe todos passam áfábal” e lá entro para almoçar. Tarde mais calma… ao final do dia, já de noite, um mergulho na piscina relaxou os músculos das 3 horas de caminho – 1 hora de relógio dizia o Cac…
Hoje foi a mesma coisa, 5h da manhã saída para Maria Correia… carro até São Joaquim, descida a pé até à Roça passando pela praia caixão e pela Baía das Agulhas. Às 7h estaríamos de regresso, era exercício matinal. Ôbô outra vez, mas desta vez de crocs… dois rios passados, mas com menos malabarismos – o caminho é sempre junto à costa, mar e rio confundem-se ao jeito da terra, leve-leve, caudal pequeno e suave, mar chão. Pequeno-almoço na Roça, a primeira capital da ilha. Mata bicho, um real mata bicho – ovo com banana-pão frita e leite condensado. Há quem o tenha bebido com café, simples - juntando água - eu bebi-o em bruto, com uma colher. Uma delícia. E claro que já não íamos fazer 2 horas de relógio… aproveitar o amanhecer, a chuva, que caiu, molhou, e secou. Explorar a Roça e constatar, sem surpresa, que a estrada outrora existente, que daria para o outro lado da ilha, já mal se vê e, apenas, de “tempos a tempos”. O ôbô engoliu-a. Agora, para se chegar à Roça sem cansar, sem andar uns bons quilómetros a pé pelo ôbô, só mesmo de barco… e só novamente com muito trabalho se conseguirá fazer outra vez o caminho por estrada. O céu começa a abrir e o sol a aparecer, o pico mesa também se mostra e todos os morros.
Não é ao acaso que alguns Santomenses chamam à fotografia postal. Para me embriagar dispenso o vinho de palma que me oferecem nas paragens pelas aldeias de pescadores, tenho a natureza o convívio com eles e a natureza são suficientes, as estórias. Vou-me inteirando da vida destas gentes e sinto-me impotente ao ver uma habitação feita debaixo de uma rocha, protegida do vento com folhas de palmeira… sentimento que aumenta quando sei que esse homem já foi ajudado com casa e emprego, mas que roubava os ovos, bebia, não olhava pelos animais e teve de sair. Que fazer?
Excelentes subidas no regresso parando várias vezes para esperar pel os senhores, que muito espantados ficaram por ver uma mulher, ainda por cima branca, fazer aquele caminho “não aguenta, tem dir leve-leve”. Numa dessas paragens fiquei a saber que um grupo quer mudar o nome da praia caixão para praia quente… estão lá a construir habitações “próprias deles”, pequenas casinhas de madeira. “Faça a proposta!” – e é assim, simples… saída mais cedo, chegada mais cedo. 11h30 já estávamos na cidade. E não avisei a Juditinha que não tomaria o pequeno-almoço, confiei nas 2 horas de relógio… ao almoço “chê Máfálda qui passou?” lá expliquei e que o pequeno-almoço tinha sido pela Roça “piqui vai por mesa, põe almoço e Máfálda vai ter di comer tudo, tudo, mais Gorila.” E o Gorila agarrouse a um tentáculo de polvo! Noite na internet, a tentar colocar este post e a ter conversas surreais… “sou seu fã!” vá lá… não é apaixonado, só deseja, só quer que eu ponha a mão. Deve ser a parte das escrituras que melhor conhecem, a que Jesus diz para quem quiser que estenda a mão que ele também porá a sua… quantas vezes já ouvi, não conhecia. Pelo menos é mais elucidado… “não vou mentir… não estou apaixonado. chê isso não acontece assim, de um momento para o outro. nem deu para ficar..." E lá consegui colocar o "post" com a supervisão do meu amigo e enquanto (supervisão está a faltar i - diz o amigo) o Gorila corre, escala e faz rappel no carro enquanto come uma bolacha com recheio de ananás (descobri que já não sou alérgica) que o amigo, muito gentilmente, trouxe, pois estava esfomeada. Pássô ô...

domingo, 22 de junho de 2008

A "loucura"...

De manhãzinha é que se começa o dia! Mesmo depois de uma noitada… 6h da manhã e o Gorila começa a avisar que já está acordado e que precisa de ir à casa de banho, hoje não fez nada no seu canto aqui do quarto!!! É de notar que as noitadas aqui são até às 23h… e já foi no fecho da discoteca! Pois é… depois da frustração de anteontem, descobri a música que vos falei, vinha da “discoteca, mine-boutique e bar, estúdio de gravação” da esquina, quem desce o rio papagaio, a seguir à ponte é na 1ª à esquerda (elucidados?), mas estava vazia, apenas com o dono lá dentro, meio adormecido. Descobri, ainda, que há pessoas que costumam parar lá, ficar no passeio e ficar, assim só, a ouvir a música. Como ia dizendo… depois desta “desilusão”, ontem houve mesmo festa, em Santo António Praia! Ia para o pequeno-almoço e o Nicolau avisou-me que às 12h havia missa em Santo António Praia e, depois, festa! Tomei o pequeno-almoço, fui dar um mergulho e segui, a pé, para Santo António Praia. 15/20 minutos de caminho, e muito se espantam por eu andar a pé… “carro não tem combustível?” e lá me obrigam a aceitar a “bóleia”, por causa do sol, que está muito quente (20 e poucos graus e um ventinho que nem nos deixa sentir o calor). Santo António Praia… do outro lado da baía, para dentro, perto do antigo estaleiro. Já lá tinha estado aquando das entrevistas. Praias de areia preta, capela pequenina, muito amorosa, e enfeitada de forma muito simples e bonita. Pouca gente… ao inicio! No fim já havia gente fora da capela. Para o almoço mais gente… bem disse o Pde Manuel na homilia. Depois da missa houve a Chola, o Santo António vai de piroga, acompanhada por outras, dar a volta à baía. Muito simples e bonito. Bastante familiar e sentido. Receios do mar que são vencidos nesse momento e lá dão a volta à baia, apesar do vento. Fazem círculos, escoltam a piroga do Santo e regressam para o merecido almoço de festa. Azagoa, molho no fogo com banana (o que eu comi, malagueta demais…, até a banana prata crua me soube bem), pintado, carne… este ano mais pobre, mais frio, dizia-me o Pde Manuel (e veio a energia e o ecrã iluminou-se mais!), a vida no Príncipe está muito cara, não há produtos no mercado, está seco… mas as pessoas continuam muito hospitaleiras e fazem de tudo para nos fazer sentir em casa, comi um bolo, muito simples, o “típico”, o habitual, farinha, açúcar, leite, ovos…, acabado de sair do forno que me soube a bolo da Garrett. Passeio, convívio e casa tomar banho. Deitar o Gorila. 2ª parte… jantar Zua com farinha de mandioca torrada e… banana maçã, bolachas, para tirar a malagueta da boca!!! Depois foi entrar na discoteca preparada para o efeito e dançar a noite toda, que é como quem diz, das 20h às 23h. Complicado ser a única branca… parava de dançar e já tinha 6 ou 7 puxando-me para mais uma tarrachinha. E era só tarrachinha… e cansa… mas são respeitadores. Apenas um tentou “esticar-se” mas lá estava o Cac e “salvou-me”, vinho de palma com cerveja, fanta e quentaku não dá bom resultado...
E para que as más-línguas parem houve mais festa e mais agitação nesta ilha, neste ilhéu… Depois da iluminação do ecrã devido ao arranque do motor do gerador da EMAE, de ser acompanhada por duas crianças e de tomar o pequeno-almoço fui à missa e, comer banana prata madura e pontada assada – boa. Almoço de anos do Pde Manuel “implica” banho ao Gorila. Lá esperneou, agarrou e… ficou a parecer um rato sem pêlo. Mas depois de seco… lindo! Cheiroso! Excelente comida (nada de macaco) … degustar um prato não antes provado de comida da terra, Bóbó (que aqui vos deixo na fotografia), bom. Novas caras e bolos fantásticos. Fiquei ainda a saber que em espanhol é politicamente incorrecto dizer-se a um homem, perguntar, se quer, se vai comer bolo. E as trocas culturais continuaram com a ida à praia com a criançada do costume mais o Cac, o Nuno, a Simone, a Lilia e a Liliete. E como não me tinha empanturrado muito… mais uma coxa de frango e arroz com molho de caril. Não podia dizer que não… e também não jantei, para ser “coerente” com o jejum. Regresso da praia… tanta gente na rua!!! Umas 20 pessoas. Cingindo-nos ao universo populacional de cá é muita gente… e animada!!! Um grupo dos escuteiros estava a tocar música variada. Desde kizomba a bulaué passando por rock, pop e sacra. Muito, muito giro. Fim-de-semana agitado, noite cerrada, post terminado e gorila de cabeça para baixo a dormir no meu peito. Bateria a acabar… hora de regressar ao submarino!
Ah… e o Gorila já sabe comer pastilha elástica. Sim… ;)

sexta-feira, 20 de junho de 2008

E quando me levantei, mochila às costas, vi...


bem ao fundo... no tecto de uma casa. Um nosso bastião! E, no computador, tinha acabado de tocar que "ao fundo ouve-se..."

Entretanto é sexta-feira, 20h30, e ouve-se alguém na rua e música! O Gorila dorme encostado às minhas costas. Acabei de ouvir na rádio a leitura do Decreto Presidencial, que entra em vigor "i-me-di-a-ta-men-te". Temos, finalmente, novo primeiro ministro e novo governo. Ministérios com novas designações e, a grande alegria na quitanda, uma mulher à frente da defesa!!!

Vou à procura da música...

Leve-leve só...

Comendo coco, educando o Gorila, sentada na torre dos sinos e ouvindo as crianças chamarem o Gorila de Mafaldo, aprecio a imensidão do Ôbô. Como não ser leve-leve quando há tanto para apreciar? Hoje o Tiobaldo, regressado de Portugal ontem, contava que, “uiii”, careta, gestos rápidos com as mãos, “é preciso dinheiro”, “eu aqui habituado ao meu leve-leve…”. Quando tantos querem ir para lá, outros vão descobrindo que, apesar de tudo, por cá a qualidade de vida é diferente, e é tão boa. Mais pobre, confusa até, misteriosa. Mas tudo vai correndo, tudo é gozado. Também faz falta um pouco de bala-bala… e ontem lá se foram mais uns para a “civilização”, a Joana e o Rodrigo regressaram a São Tomé. Foi bom mostrar-lhes este paraíso perdido, ficar a saber que os que com eles se cruzaram sentiram que eles estavam a gostar e ouvir a Juditinha dizer que todos os amigos que me vêm visitar ficam a gostar do Príncipe, que eu sei passar-lhes o meu gostar… quem diria? Eu que sonho com São Tomé, chamo à ilha desterro e anseio por emergir… mas também aceitei continuar a missão até Outubro. Apesar de desterro tem os seus encantos. E as pessoas são o seu maior encanto. Quem parte lá me lembra que vou voltar a ser a única branca na ilha (e é tarefa difícil num clima em que é sempre primavera), que vão comer hamburguers, chocolates, sumos, ver carros… quem me vê ficar lá adverte quem vai “qui máfálda já não vai não” e que “as saudades moem mas não matam”. A pouco e pouco lá se vai chegando… até o secretário da Assembleia Legislativa que não podia com a minha descontracção, nem com o Gorila, já sorri e até pede licença e acena ao fechar a janela, apesar de eu estar longe. A arrumação do lar continua, agora os últimos retoques… limpezas… “Mafalda é muito eficiente” – e passa uma senhora de alguidar rosa na cabeça a gritar “macho pombo”, não gosto… tem muitas espinhas – e agora? O que há para fazer? Ler o código civil, ver Lost, recordar o Francês, Alemão… tanta coisa! Comentar a crise política… há sempre pormenores a ajustar. Hoje não fui à praia!

quinta-feira, 19 de junho de 2008

TRABALHO!!! WEEEEEEEEEEEEEE!!!!



Trabalho! Bué!!! O barco, que devia ter aportado ontem, chegou. Material! Fogão. Escadote. Lençóis e toalhões. Pratos, talheres, copos e panelas. Cadeiras. Ferramentas. Marquesas. Panos. Lixívia, lava-tudo e detergentes. Inventário para fazer. Coisas para arrumar. Gente a entrar e a sair. Movimento. Carrinha e carga a chegar. Descarrega e lá vai outra vez. Arca, frigoríficos. Onde colocar? E o fogão a lenha? Que manhã… que maravilha. Mafalda daqui, Mafalda dali. “Onde ponho isto?” “Vamos voltar a sair.” “Esta caixa já está?” Confusão! Álada grelhada para um almoço tardio. Banana a murro… delícia! Passar ainda no barco a levantar as últimas coisas e a tempo de ver entrar os animais. Galinhas, porcos, porcas prenhas, cabras… das grandes, e frutos! Frutos! Como é possível?! O mercado de cá está seco… não há frutos, nem fruta… legumes tive de os trazer de São Tomé para a Juditinha, e agora estão a enviar para lá os poucos que há cá… Mas é um cenário digno de se ver… “entra daqui”, “agora vêm os porcos, espere, espere que as cabras têm de ficar depois” “falta o bode” “e o meu peixe salgado?” e o comandante que é estrangeiro… e é a confusão! À tarde lá fomos dar um mergulho ao Bom-Bom, ainda não houve dia em que não desse um mergulho e sabe sempre bem… e este país vai-me preocupando… o impasse político com mais uma queda do governo mantém-se, os partidos ora dizem que sim, ora dizem que não, vão mudando consoante as marés de poder, apoios ou dinheiros e as pessoas continuam de pés e mãos atadas e a ver a inflação a aumentar de dia para dia. E o Príncipe? Continua parado, paradinho… e eles até querem andar! E enquanto eles vão andando nessas loucuras insanas, eu, a Joana e o Rodrigo vamos cometendo outras mais sãs como trabalhar uma manhã inteira e tenatr levantar voo numa carrinha na pista do aeroporto internacional, algo que daqui a uns meses não será mais possível devido às benditas obras de requalificação da pista!

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Dia cheio...

Dia cheio! Cheio de buracos, estradas vermelhas, “Brrranco! Brrranco!”, conversas, roças, “bóleia!”, músicas, jogos e saltos… 21h. Estafada! Cedinho ligou-me o Rodrigo, 6h30. Em dia normal estaria acordada, mas uma semana em São Tomé e ontem filme até às 00h00 ainda estava “bem” a dormir. “Estou a ir para o Príncipe… “ “hã? O quê?” Ele já tinha falado nisso… mas não pensava ser tão próximo. “O avião é às 7h” “ok…”, e, depois de processar a informação lá me vesti e fui tomar o pequeno almoço à Juditinha. A Lucy também estava para vir. “Avião é às 10h”, fiquei descansada… 8h e pouco “já cheguei!” “já?!” corrida para o aeroporto e, em vez de trazer um, trouxe dois. A Joana também alterou a viagem dela para hoje. Apanhei-os, enquanto comiam bôbô fito, e lá fomos… Sundy para começar e Belomonte finalizou a manhã com passagem na Paciência e Ponta do Sol, onde conheceram o Jean, que hoje recebeu uma turista. O precipício continua maravilhoso e a praia banana convidativa, mas a fome começava a apertar e ainda me recordo da última (e primeira) viagem até lá… cidade, conhecer e almoçar. Bonitinho grelhado e polvo. Excelentes. Agarrar no biquíni e Porto Real acima, S. José, São Joaquim, Monte Alegre. Ainda Nova Estrela e Terreiro Velho. “Bóleia!” e “dobra” ouviu-se algumas vezes… o problema de algumas roças já receberem muitos turistas que seguem guias de viagem que aconselham a dar alguns trocos e doces às crianças, por cá ouve-se menos que em São Tomé, mas já se começa a ouvir bastante. Mas não se dá e conversa-se, educa-se e assim aparece uma jaca acabada de apanhar para nós e ainda alguém começa a dançar e a cantar o buggy-buggy, que há um mês lhes ensinei. E o cacau começa a crescer outra vez, e é uma guloseima excelente… que amarelinho… trepámos ao cacauzeiro, Gorila às costas e lá seguimos caminho a deliciar-nos.
Coco também aparece pelo caminho, desta vez já não apanhado por nós… Recordamos a creche de Belo Monte, tão amorosa, pequenina, arranjadinha. 3 caminhas de grades com móbiles de abelhas e colchões de trapos dentro de sacos de serapilheira. As lágrimas de quem recorda tempos idos de colonialismo, num misto de saudade e tristeza por esses e pelos de agora. A imponência de Sundy. A fortaleza que era o curral. A casa recuperada, mobilada, limpa e os quartos decorados com mobília alentejana (verde, azul e encarnada). O mar a perder de vista e o recorte da costa vistos da varanda de Ponta do Sol. A Beleza de Porto Real, espalhada pelo hospital, Igreja, casa do Senhor, socalcos… João Dias Pai e João Dias Filho mais Nossa Senhora vistos de São Joaquim, depois de uma entrada ladeada por palmeiras reais. A vista estonteante do Terreiro Velho, parando no caminho para apreciar o Boné de Jóquei. E, ainda, o lavar a roupa e fazer castelos na areia, em São José, tendo como pano de fundo a cidade emoldurada pela maravilhosa palete de verdes da luxuriante vegetação.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Portugal perdeu, mas não importa...

Guerra com o Gorila, que com ciúmes do computador vai tentando escrever... de novo na calmaria e Gorila a aprender a fazer Rappel e escalada (ora bem... largo-o calmamente pelo fio janela do carro abaixo e depois ele sobe pelo fio, está a ficar bastante rápido!). Barco devia partir hoje de São Tomé... só partirá amanhã por volta das 13h... e cá se fica sem trabalho. Iventar é a palavra de ordem... ler, ler bastante! As notícias do mundo, do país e de Portugal, tanto em Português como em Francês ou Inglês. Livros. Por cá não se veêm nem jornais nem revistas... Estudar Lung'ihé e inventar casos práticos para mexer no código civil, ordenar músicas e ver Lost. Conversar com quem vai aparecendo e, ainda, aproveitar para tratar da roupa. Dia cheio! Mas ainda com tempo para asesta e olhar para o ar. Ouve-se ainda a RFM e sabe-se que o trânsito na A5 continua e que o dia amanhã começará com sol, esperemos que aqui também. Ah!... Lembrei-me de uma coisa... a senhora que encontrou o Gorila e o guradou em casa estava à espera do anúncio do seu desaparecimento via rádio... como é que eu não me lembrei disso? "Perdeu-se no passado dia tal um macaco que dá pelo nome de Gorila, pede-se o favor de quem o encontrar entregar à Mafalda, para quem não sabe quem é, é a única branca da ilha, se ainda assim não a conseguir localizar pede-se que o entregue na rádio. Obrigada." Já imaginaram o que seria tal anúncio na europa?
(o título não tem nada a ver... mas também não importa!)

domingo, 15 de junho de 2008

Regresso ao Príncipe

No avião… com o Gorila a dormir nos meus ombros e a entrar no Príncipe. Não com a surpresa e admiração de quem vê a ilha pela primeira vez mas com o gozo de quem a torna a ver e se maravilha mais uma vez com a sua beleza e exuberância. Com o gozo de quem já identifica os locais ( e o Gorila desperta). Vou filmar a aterragem… aterrámos no capim e viragem feita. Desembarque. Regresso a casa… província, calmo, parado, mas eu gosto! Já sentia saudades e foi bom vê-los a todos. Os mesmos, não há gente nova… e a sensação é óptima, apesar disso. Que sorrisos… Juditinha, Judite, Eustáquia, Piqui, Lucy… e as novidades! Pescar com pressão de ar, que precisão… e lá vai o miúdo de mergulho apanhar o peixe. Hum… e quem é que sabe qual a utilidade de um frigorífico velho? Uma “canoa”!
Grande arrumação das malas e do quarto… uma tradição. Lost, outro hábito, e, agora, net. Mas não sem antes ter dormitado e sido comida pelos mosquitos. Que bom regressar aos velhos hábitos…
Agora… futebol! Portugal – Suiça!

Marchas de Santo António

E o Príncipe toma de assalto São Tomé!!! Era assim que ia iniciar o Post ontem, no companhia, às 18h45. As marchas do Príncipe estavam a passar na praça, pouca gente mas algazarra total! Tudo saiu à rua para ver. Lá estava o Nicolau comandando o pequeno pelotão, e senti-me feliz, senti-os também como meus, feliz por terem conseguido afirmar uma parte da sua cultura apesar de estarem longe de casa… e lá seguiu o estandarte com o Santo António, do Príncipe. E a Mariana chegou, e já não pude escrever o post a contar o dia… casa buscar o Gorila e saideira. Último fim-de-semana com a presença do Pde Domingos, vai começar um novo projecto na Trindade. Grande festa, rever o Paulo Jorge e as outras crianças. O abraço de quem nos vai esperando e não sabe que já regressámos, para depois voltar. Santola… a extravagância. Valeu a pena… já tinha saudades e estava excelente, tal como a banana. Bebibas à parte… eu e o Rodrigo demos 20 contos cada um e aparecem 2 cervejas na mesa, do meu sumo, também pedido ao Paulo Jorge, nem rasto… do meu dinheiro nem rasto também… ora que o menino comprou a cerveja do Reicardo com o nosso dinheiro…” Máfáda, não há sumo” “e o dinheiro?” aponta para a cerveja e dá-me um beijinho. Pois claro!!! Manhã e tarde passadas a acompanhar gente… saudades e o tempo é tão pouco, sem transporte, ficam algumas saudades por matar. Entretanto… foi desta!!! Lá fui até á fábrica Corallo… que maravilha de chocolates (já tinha provado alguns). Comparações… sem dúvida muito melhores! Gengibre, laranja, pepitas e…, a novidade! Não gosto de café mas adorei o chocolate com grão de café dentro!
E depois de um dia a fazer de cicerone às novas voluntárias, é sempre um prazer mostrar e dar a conhecer esta cidade, esta gente maravilhosa, terminei o dia a acompanhar a Madre Deus, onde raptei a Mena, que agora me está a fazer tranças, primeiro ao som de Ana Moura, e, agora, ao som do coro… que dois mundos fantásticos! Assim, depois de uma manhã mais demorada em casa com a visita do Dunga e do Geni descemos à cidade e subimos à Madre Deus, baptismos no Bom-Bom (neste caso não o Bem-Bom, mas a “sede” da paróquia de Nossa Senhora de Fátima, da qual a Madre Deus é capela) deu atraso na missa e não consegui encontrar o Pde Romualdo… mas acompanhei muita outra gente. Soube bem, especialmente dá-los a conhecer à Inês e à Cláudia, ambientá-las também. Seguimos para o mercado. Cebola e alho no sítio do costume, nem foi preciso regatear. Ananás baixou 20 contos, bananas pelo primeiro preço trouxemos mais 3 e alface mais uma. Batata inglesa continua cara… esparguete, salsichas e atum no L&L Bem Estar. Leve-leve… 15 minutos para sermos atendidos, e depois da “bóleia” da manhã decidimos “fretar” o senhor Eduardo para nos levar a casa com as compras, pesadas de mais, e nos deixar no companhia para almoçar com a Cristina e o Vítor. Calminho… agradável. Sobremesa no Miramar e… Madre Deus!!! Raptar a Mena que “acabou de acabar” as minhas tranças!!!
2 horas de sono e post escrito em 3 dias… depois das tranças fui para o bairro. Happy hour alusivo aos santos populares. Música, sardinhas (bastante boas), broa (quer dizer… não a nossa broa…), kizomba e uma alma caridosa que lhes pediu para pararem de tocar… CD colocado e… música de bailarico!!! Que maravilha. Chinelo no pé e descalça, vestido a ondular, mão na cintura, no ombro e mão com mão, separa, roda, simula o arco, corre, vira… Par com o Leonel, dança, bastante. Pagode e divertimento. Convívio. Cartada e… Dolores! Gastar os últimos cartuchos até às 4h da manhã. Cansada, um bocadinho. Mas alegre e feliz. Dançar música de bailarico e depois kizomba, cada uma no seu local soube realmente bem. Seis e pouco e acordar, fazer a mala e gozar o último pequeno-almoço com vista sobre a baía de Ana Chaves. Até daqui a um mês!!! Xauê!


sexta-feira, 13 de junho de 2008

Nova Iorque



Comendo umas torradas e um iogurte de coco (bom, com um travo a iogurte natural) conto-vos o meu dia de ontem. Manhã sem grande agitação… desculpem, enganei-me, com grande agitação! Depois de dar as boas vindas à Inês e à Cláudia segui para a cidade. Carros, imensos, amarelos, brancos, jipes e baixos, motas, bués, buzinas e arranques, vozes, passos, apressados e mais lentos, gente a entrar e a sair, filas no supermercado. Nova Iorque. Maravilhoso… o Gorila ficou com os babyssitters, os guardas, que o adoram. No outro dia vinha a sair de casa e um deles foi comprar um chupa para o Gorila, então lá vinha o Gorila aos ombros agarrado ao chupa e a lambê-lo. Amoroso… mas não tinha a máquina comigo… foi pena. Voltas e voltas, confusão e alegria. Fui até Neves ver os meus meninos… e os animadores, a Iá, gente, minha gente. Acompanharam-me a Vera e uns polícias que cá estão a dar formação. Queríamos ter parado na Lagoa Azul para um mergulho… não parámos. Frrio… estamos na Gravana e as águas estão mais frias. Eram 16h, não experimentámos mas supusemos que estariam, mal habituados… regresso e compras com a Inês e a Cláudia, conversas e Companhia, café e companhia, para a happy hour. Mesas cá fora e… Gorila comigo!!! Sossegado, a dormir. Jantar no La Provence… foi o “couro e o cabelo” mas valeu pelo excelente bife de vaca com cogumelos. Regresso a casa, deixar o mata bicho ao Gorila e caminha, com o quarto cheio… beliche… já tinha saudades!

quinta-feira, 12 de junho de 2008

mais saudades a matar...

Primeira noite do Gorila fora… (do quarto) mas acordar à mesma hora. 5h… para dar de comer e mimos à “criatura”. Gorila aos ombros e terminar a inserção dos dados recolhidos nas entrevistas aos idosos. Trabalho terminado e a boa notícia de que posso ficar em São Tomé até domingo. Quinta-feira, hoje, chegam mais duas voluntárias, que vêm continuar o projecto da escola superior de educação de Santarém. A casa vai ficar cheia! Café e companhia para uma excelente conversa com o Pde Luís, bolo de chocolate e sumo de sap-sap. Passagem no bairro e corrida para o Marlin beach para trocar o voo e… só vou domingo!!! Mais uns dias para respirar… e foi aproveitar com… bola no bairro, 3-1 à Eslováquia, em clima quente, seguido de excelente jantar na Dona Tété (maravilha de banana, faltou o concon). Bigodes, bar sobre o mar, para ir aquecendo e quando o sono já começava a chegar hora de uns passos na Dolores, sempre a dançar para arrebitar. Quente, cheia… caminha no novo quarto. Mudança feita num ápice, à hora do almoço, chegada do beliche, limpeza… e hoje de manhã? 6h… “não, não são 3 x” “é, aqui são 2 traço” “esperra”… montagem do beliche antes que a Inês e a Cláudia chegassem. Vamos ficar as três no mesmo quarto. "bólô... não falta aí nada..." entre uma viragem e outra na cama, tentando inutilmente continuar o sono, ouvindo martelar logo ao lado, partir estrados com a catana, disse eu. "pois... a éscada, não é?" pois é... nem sitío para a escada há. "sobi na cádeira!" nada mais simples!!! E lá chegaram... Muito simpática! “Mafalda estevi perdida no mato ou quê?” telefonema para o Punoy… hoje vou visitar a criançada de Neves de quem morro de saudades!!!

quarta-feira, 11 de junho de 2008

... 10 de Junho.

E o 10 de Junho continuou… reunião com o Pde Domingos para falar do Príncipe. É sempre bom conversar com o Pde Domingos. O Nicolau no seu auge… levar a água ao seu moinho e do Príncipe é sempre uma mais valia. Almoço no lar Dona Simôa Godinho, bom rever a gente de lá e da Santa Casa, da sede. A gula continua a atacar e desta vez foi a banana seca, do Príncipe… mas que lá não encontrei. Quando regressar tenho de procurar melhor. Mas o acréscimo de preço foi justificado pelo saquinho amoroso que trazia… O Gorila adorou e lá nos deliciámos enquanto demos um pulo ao espaço em que decorrerá a bienal de arte. Muito giro… já só faltam 15 dias. Acompanhar a Keidna e lanche com a Gilá. Saudades bem “matadas” e aperaltar para a recepção do 10 de Junho na embaixada… vestido de noite? Está tudo maluco… a recepção é ao final da tarde, há quem tenha ido. Mas até que nem muito, apenas algum Portugal piroso no seu melhor, mas muito agradável e divertido também, é só conversar com as pessoas certas… pasteis de bacalhau, croquetes, pasteis de nata e a gula atacou bastante e bastantes, portanto, jantar não foi preciso, e a noite terminou com uma ida ao Pestana novo ver o mar e as estrelas. Os quartos também… com vista magnífica mas muito cheios, mobília muito pesada. No entanto decorados com muito bom gosto. E assim foi o 10 de Junho de uma Migra! O primeiro como Migra!

terça-feira, 10 de junho de 2008

Viagem atribulada e manhã Portuguesa!

Viagem atribulada… quem é que me mandou acordar o Gorila?! Mas correu bem. Aterrar na capital e sentir o movimento, as gentes, a atribulação, mas também o caricato de um aeroporto vazio… rever alguns amigos e pessoas. Gorila espantado e faminto. Carambola e banana mataram a fome e… dormir, dormir, dormir até hoje às 5h. Levantar… tomar banho. Querias! Pois… não há energia nem água. Bem vinda a São Tomé!!! Já tinha saudades… mas tenho vista. Magnífica, sobre a baía de Ana Chaves.
A casa do voluntariado já está pronta e “ocupada” pela Marta e pela Maria, esta semana junto-me a elas. Esperando que a energia e a água chegue escrevo para o blogue e preparo as fotografias que o Reicardo tirou, estão fantásticas. Lá se foi a bateria do portátil… e a energia já veio, mas só para o vizinho. A nossa é pré-paga, todas desconhecíamos tal facto… assunto a ser resolvido na EMAE. Comprar algo parecido com o cartão de saldo para o telemóvel e recarregar. Banho em casa da Cristina, o primeiro de água quente em 3 semanas e… nutela!!! Tostas com Manteiga! Costoletas! Mimos… e Santo Amaro. Sempre bom regressar, sempre bom sentir o calor, ver os sorrisos, os olhares, a curiosidade à volta do Gorila, do nome, o lembrar as crianças do príncipe que decidiram que Gorila não era nome de jeito e sim Mafaldo o nome mais apropriado, o ficar a saber que “faço rabo”, que tenho corpo de africana. E, assim, saí de lá toda lambusada… a maravilha!!! Jasmim… milagre! Tem sumos naturais, um excelnte de cajamanga, e... bolo de bolacha com o João, saudades destes momentos. Café e companhia ver os mails e postar, pouco mais. Gorila a fazer amizades é melhor que um cão scottex… mas também pretexto para as inimizades chatearem… e o pior é quando são provocadas por dores, como diria o Picado, na ligação entre o antebraço, ou coisa assim parecida. Mas os cambistas são bons babyssiters… Jantar na São, galinha à moda da casa. Uma delícia… com molho de manga. Empaturrei-me e agora termino o post sentada na varanda divertindo-me com a esperteza do Gorila tendo a baía como pano de fundo.


DIA DE PORTUGAL!!!


Começar o dia com o Gorila a chamar e fado… apetece-me ouvir fado! Mariza com Zambeze feito Tejo. A dualidade… as saudades de Lisboa, de Cascais e a paixão por São Tomé. O orgulho de pertencer a um povo que desembaraçadamente continua a cruzar fronteiras, a arriscar, a querer fazer mais, a acreditar que um mundo melhor é possível. Segue Ana Moura e o pequeno-almoço na varanda, com a baía de Ana Chaves ao fundo e o vento, a fazer lembrar as manhãs numa outra baía, a baía de Cascais. E apetece ficar só assim… a saborear estas saudades e as esperanças da missão, a recordar e a projectar, a imaginar como terá sido o primeiro aportar nestes países tão longínquos, a sensação de desembarque certamente tão semelhante e tão diferente por mar ou ar… e apetece continuar, ficar, dar e elevar o nome de Portugal! Portanto, está na hora de ir trabalhar… e recordar que na visita ao museu nacional ao explicar o significado da bandeira portuguesa foi qualquer coisa deliciosa como... "amarelo? é a riqueza do cacau maduro!!!" "não, em Portugal não há cacau..." "não???!!! nada. não pode." que coisa esquisita... "em Portugal a grande cultura amarela é o milho." e depois de toda a explicação e terem aprendido que o encarnado é, tal como na bandeira deles, o sangue derramado, o verde, não a cor da riqueza da floresta, mas sim da esperança, o amarelo ficou irremediavelmente associado à "riqueza do milho maduro!" pois claro...

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Fim de semana com o Reicardo


Sexta-feira, depois de uma berra, banana (mamão não porque ainda estava muito cru) e leite fui até à internet. Cedinho… a hora de levantar também o foi. Chovia… esperava que parasse. A subida ao pico papagaio estava combinada, não queria desmarcar. A Teresinha apanhou-me e lembrou-me “não puseste nada de novo no blogue…”. É verdade… o dia de quinta-feira ficou em branco… porquê? Não tive tempo! Que maravilha não ter tempo! O rei Ricardo chegou!!! Depois de uma excelente manhã na praia com o Dunga e o Quinter, em que tive mais umas lições fantásticas sobre mulheres, pássaros e homens, almocei e, com o Gorila, dormi a sesta. 16h aterrava o Reicardo… Alegria! ;) Caminho para Santo António. Mostrar-lhe esta cidade perdida no meio das montanhas, esquecida no tempo com os encantos de um sorriso a espreitar atrás de cada janela ao passar de um estrangeiro. Tralha deixada no submarino e… mergulho na praia Évora. A praia toda para nós. Maré baixa… coqueiros e palmeiras, água quente. Que mais se podia querer? Escurecia… banho e jantar na Juditinha com direito a reportório completo de cantorias que tenho vindo a ensinar à criançada. No mínimo animado. A acompanhar? A excitação de uma cara nova, um homem, um amigo da Mafalda. Noite sem ser na net… conversas e filme. Sexta-feira foi subida ao morro do papagaio… indescritível a beleza da floresta, a comunhão, a harmonia, a exuberância, a grandiosidade. Após grandes lições de biologia lá chegámos ao topo. Uaaau!!!… Somente “UAAAU!!!” e na descida… quedas, bastantes, das boas. O Reicardo
lá pôs Porto Real em busca de uma minhoca, que não é uma minhoca, uma cobra cega, que não é uma cobra… um bicho rastejante amarelo. Partidos mas não cansados acabámos a tarde no bem-bom… no Bom-Bom. Todo para nós… (já vai sendo hábito) e o coração na boca, também. Não pela luta entre Gorila e papagaio mas porque não há gasóleo na ilha e o carro estava na reserva já há uns dias. Mas… a sorte protege os audazes e lá chegámos à cidade, a acelerar porque Porto Real encontrou a cobra, que não é cobra, mas que é cobra bôbô e que, portanto, por ser cobra e não outra coisa estranha, não era o que o Reicardo procurava… mexe e remexe, fotografa e “cê é corajoso” “pôs remédio, não foi?”, eles têm medo de pegar na cobra, e o remédio era água para lavar as mãos, pois o bicho que o Ricardo procura não suporta água salgada. Ovos estremexidos (estrelados + mexidos) para o jantar, com arroz de cenoura (delicioso) , e submarino. Mais um filme e óó. Sábado… 5h da matina e o Gorila decide acordar e acordar toda a gente… guinchos e mais guinchos. Mas lá tem de ficar na rua. Castigo! Chichi e cocó é na rua e não em casa. É bom de ver que dormir depois foi complicado. O barco já chegou! Os dois. O que andava à deriva e o que veio e foi para o socorrer. Gasóleo!!! E lá se foram as ideias para o dia. Só gasolina… gasóleo só lá para quarta ou quinta-feira. “ok! Vamos fazer um bolo para a festa de logo à noite.” Não havia açúcar… desisto. Nem banana madura, nem açúcar, nem gasóleo! Trabalhar um bocadinho e a boa notícia – a EMAE vai emprestar gasóleo para venda… ao preço normal de mercado! Apenas a partir das 14h… almoçar mais tarde do que é habitual e passar na bomba às 14h20. Outro filme… fila!!! – kê kuá? Tirar o gasóleo do bidão com uma bomba de manivela, colocar numa lata, funil e depósito. Atestado e… praia banana!!! Com o Midrael, o Fofo e o José Mário, alguém que está por cá durante os próximos 15 dias a trabalhar para a UCLAA, uma união das cidades de língua Portuguesa. Praia toda para nós!!! Nadar até á praia burra e foi por pouco que o José Mário não sucumbiu ao cansaço. Lá fomos a pé… Comunidade amorosa, de pescadores. Acolhedora. Muito organizada… ficámos a saber que a estrada para a praia burra é melhor que a da praia banana, que é toda em pedra, calhau solto. Subir em primeira, com tracção às 4 e rezando a todos os santinhos. Não tem chovido… pelo menos. Bastante partidos mas a prepararmo-nos para a festa do dia do jovem (em contraposição à do dia da criança) da 8ª classe, e, claro, ver o jogo da selecção!
2-0!!! E nem falaram nisso no telejornal de São Tomé… e a festa esteve morta… reageezada na praia. Terminou cedo, bastante… às 5h de hoje tocava o despertador. Que alegria!!! (dito com bastante ironia) vamos fotografar passarinhos… o Reicardo esteve em êxtase e eu acompanhei. Que pássaros bonitos… que cores… que diversidade. Uma hora e meia nisto e mergulho na praia abade. Baía maravilhosa com miúdas realmente bonitas. Rosa e branco a contrastar com o preto da pele e o sorriso desarmante de criança, impossível de fotografar… apesar das tentativas. Mas o avião não espera e ainda faltava fazer as malas e tomar o pequeno-almoço com passagem por Sundy. O que é possível fazer numa manhã… lá fomos. Malas feitas e tudo arrumado… omolete, leite, pão e manteiga carrega as baterias e Sundy! TT, a abrir… disseram-nos meia hora de relógio. Imponente. Palmeiras reais dão-nos as boas vindas e a casa arranjada regala-nos. Sorriso ao ver a fortaleza, talvez o novo-riquismo da época… TT para o aeroporto. O avião partiria às 11h30 com check in às 10h30/11h. conseguimos chegar às 10h45 e… tudo fechado! Avião estacionado… tudo fechado. Aparece o Sr. Pinheiro. Não nos ligaram a avisar que tinha sido atrasado para as 15h, mas o do Ricardo mantém-se para às 13h… entre Bem-Bom dar um mergulho e contactar com a população… contactar e inventar uma nova versão do “I’m leaving on a Jet Plane”. Viaduto da pista passado e “Vem avião?” “Não” então podemos passar. E afinal não há viaduto. Bem que o Ricardo estava espantado (pode ser que daqui a um tempo haja, com as obras de reabilitação que o dono do Bom-Bom vai levar a cabo). Converseta com uns miúdos que andavam aos pássaros, não para os fotografar e proteger, mas mesmo para caçar com fisga… diversão. Ricardo em “choque” e a “delirar” com as informações do mocho que afinal até existe no príncipe. Hora do avião, nova travessia da pista. Lá se foi o primeiro… agora é a minha vez… sentada no aeroporto esperando pelo meu avião. Respirar um pouco a São Tomé com 100 contos (100 000 dobras, que equivale a mais ou menos 5 euros) no bolso para comprar hortaliça para a Tété (Juditinha, Judite). E o gorila refila… reclama atenção.


quarta-feira, 4 de junho de 2008

Gravana?! Queriam...

Ora bem… em guerra declarada com o Gorila. Tem que ser educado! E nunca mais aprende a conter-se. Dois chichis em cima de mim na mesma hora é demais, e, especialmente, depois de me ter zangado com ele… um dos jovens do Pde Manuel aprecia a cena da varanda e diverte-se… e, assim, se passa o tempo. Sentados, em pé, a pescar vão apreciando a calma que por aqui se vive. Dia após dia… maré cheia significa rio cheio. Rio cheio significa Taínha a querer morder o anzol à linha. E, leve-leve, meia dúzia de pessoas pescam, o que hoje será o jantar. O isco é fruta, fruta-pão, que por cá se vê mais que em São Tomé, mas também se come menos… é usada para isco. E passa alguém, de uniforme. Espreita, cumprimenta e continua. Bamboleando esta calma que facilmente pode ser confundida com marasmo, mas não é. É apenas calma, saborear a vida. Tão difícil ficar assim… apenas a olhar, apenas a sentir, dias e dias. Dias a fio…
Dias que já deviam ser de Gravana… mas o tempo teimosamente teima em contrariar aqueles que vaticinam as suas mudanças. Ontem… frio, vento, nuvens sem chuva, pouco peixe foi sinal de Gravana. Hoje, o dia amanheceu com chuva… o céu abriu e deu lugar ao sol, quente… biquíni vestido e lá fui para o ginásio, praia! Correr, nadar e ficar a apreciar o local paradisíaco. Vegetação luxuriante, águas cálidas e mornas, coqueiros… mas falta o areal espantoso. A areia grossa… o mar forte… o seu cheiro… o seu sabor… o Guincho! E lá dei um pulo à net para dar uma olhadela na beachcam… ondas que teimam em ser ordenadas… vale-me os mimos do Gorila que depois de me ter catado a cabeça está agora sentado em cima dela olhando para o computador. Vou comer uma manga… dividi-la com o Gorila. Deixar-lhe o caroço para roer…
Pássô ô

terça-feira, 3 de junho de 2008

O Gorila já apareceu!!!


O Gorila foi encontrado!!! O herói??? O Quinterr e os amigos. Um muito obrigado fica aqui solenizado…
E, assim, voltaram os chichis por cima de mim, os castigos e os guinchos em tom de chamamento. Mas o melhor? Os mimos, o enroscar, os beijinhos, a companhia e os risos – ele é um bocado “nabo”.
E mais um dia sem grande produtividade… gozar o Gorila e o Príncipe. Conversar, estar, perceber melhor o que a gente de cá sente, o porquê de algumas coisas, as crenças, os desejos, os sonhos, e… muitos pof-pofs. Hoje foram de mais! São mesmo bons… então de manhã, quentinhos… e à tarde?!... depois da praia… a fazer lembrar as bolas no guincho! Deliciosos. Que posso eu fazer???
E fui… à praia com as crianças da Judite, os jovens que ajudam o Pde Manuel, os dois irmãos e o Pde Manuel. Praia como ditam as regras de cá… comida feita! Arroz com peixe, e banana com galinha, pratos, panelas, copos, talheres, etc. Faltou a música… incrível! Como é que eles se esqueceram?! Mas da bola de futebol não, nem tão pouco dos vários jogos que fizemos na areia e no mar. Horas bem passadas a estreitar relações e a sentir-me mais de cá… e já me vou sentindo. Sinto quando me entram pela casa dentro sem “ai nem ui”, quando vêm acompanhar só porque sim, quando me cravam banho só porque estavam a acompanhar e se atrasaram para o ensaio da marcha e já não têm tempo de ir tomar banho a casa e quando fazem bôbo por causa da meu medo dos mosquitos. Quando, com toda a lata, dizem que querem ir para a praia ou me convidam para a discoteca ou ir para a sorveteria e ficam à espera que eu pague… miúdos deliciosos!
AH… E claro que não me poderia de como foi bom a Esperança me ter avisado, esta manhã, que tinha uma encomenda nos correios… Havaianas!!! Que maravilha e como estava a precisar! Obrigada Pedro!!! Um grande beijinho
Fiquem com Deçuê!

(que maravilha... trânsito na A5... marginal??? não me parece... limpar as mãos e a boca ao gorila, com dodot, que esteve a comer manga e veio para cima de mim sujar-me!)

Dia cheio de nadas

Outro dia cheio de nada, de pequenos nadas que me enchem, me fazem querer continuar, me fazem acreditar que é possível. De manhã… o sorriso, a pontualidade, a humildade e a ternura da Fátima (quem limpa o submarino). As crianças, que não tendo aulas, acompanhavam alguém, cantavam as músicas que ontem lhes ensinei, diziam com ar sabedor que “nomi dela não é branca não, é Almofada!” e perguntavam se amanhã também vou lá cantar. Pequeno-almoço com a Luçy (neta da juditinha que tem 2 anos e pouco) que calmamente ia fazendo uma papa de pão e chá, cortando o pão com o cabo da colher e olhando-me com sorriso matreiro dizendo “Matata”, e lá passou o dia gastando-me o nome. Verificar o e-mail e ver que de trabalho nada… mais um dia sem produtividade… correr e nadar com alguns escuteiros na praia Évora, acabando com uma pegada (apanhada). Cansada e com apetite lá fui comer um pargo com fruta assada, óptimo, já tinha saudades de fruta. Descansar. Mais Lost! E o sono… interrompido pelo Nuno. “Cê não está mais a ir lavar o carro, está?” é verdade… ele ofereceu-se para me lavar o carro, um amor… lá fomos. Carro lavado e nova navegação, na internet, feita. Regresso a casa. Mas passando antes pelas bombas de gasolina, só há duas. Uma estava fechada, ainda não consegui compreender os horários... mas como eles também não, não me sinto tão peixe fora de água! E a Gasolina lá foi, de bidão para lata, medida com uma trave de metal, e de lata para funil para dentro do depósito. Motor e… casa. “Acompanhar” e duche com jantar, sopinha e banana madura frita na juditinha. E não é, que eles, que muito espantados ao início ficavam com tal jantar, ontem todos comeram o mesmo???!!! :)

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Surrealismo...



...no Príncipe!





















Sábado o dia amanheceu assim-assim… e fui para outra conferência dos deputados dos Açores – Símbolos Regionais. Bastante interessante. Conhecer um pouco mais da nossa história, dos nossos processos, da nossa cultura e ficar a saber outras tantas interessantes sobre o Príncipe, como a assembleia regional ser composta apenas por 7 deputados (7!!! E é assim que me apercebo de como isto é realmente pequenino e com poucas pessoas, o debate do orçamento dura 2 dias…) ou que o seu primeiro manifesto de autonomia provém do tempo da colonização. Manhã na conferência e, entretanto, chuva “dimás”!

Antes do almoço passagem em casa para apanhar o Gorila. Não estava… “Gorila! Gorila! Gorila!”, nada. Procuro, procuro, procuro, pergunto… nada. Triste. Bastante. Tarde de chuva sem nada para fazer a ver o Lost… e passagem pela rua para ver a animação das crianças preparando-se para o 1º de Junho. Calmo… mas ruas pontadas por meninas de lenço na cabeça para não estragar cabelo do 1º de Junho. Vá lá… à noite houve um jantar com os deputados açorianos em casa do presidente da assembleia regional de cá, para o qual convidou também os Portugueses que estão na ilha – somos 2! Calmo (o que é que se podia esperar?!), mas muito agradável, e, claro, bastante pesado (eles espantam-se muitas vezes ao jantar apenas querer sopa)!!! Azagoa (folhas, bastantes e variadas, feijão, azeite de palma, carne de porco e cabeça de papagaio – dizem que quem come já não sai do Príncipe - , acompanha com farinha de mandioca torrada) – pesado – e molho no fogo com banana cozida – pesado também. A noite terminou no sul, perto de Nova Estrela, numa discoteca, “L.L.”. Muito engraçada e agradável. Ar livre e coberta, com algumas palhotas pintadinhas e arranjadas. Conversa sobre as festas, sobre a periodicidade – que não há – e fico a saber que… Só existe um sistema de som por cá (T.I.P)! O dono não tem qualquer espaço e assim há como uma parceria entre os espaços, que o dono não possui, e aquele. Uma maravilha. Nunca há duas festas no mesmo dia! Mas o que não é sinónimo de casa cheia (T.I.P.!), e ainda bem que eu não gosto de espaços muito cheios... Que saudades de dançar… não parei! Até receber o telefonema do Nicolau, que está em São Tomé na formação da Santa Casa. Alguém lhe ligou a dizer que as crianças do senhor Crispim tinham estado a brincar com o Gorila. Dormir rapidamente e passar a perguntar pelo Gorila. Nada. Ninguém o viu… “não é possível terem estado a brincar com ele. Eu não gosto de macacos.” Triste… ir buscar a Graça para o 1º de Junho. "Áinda…” - não estava pronta. Espera, com tempo para ir rebocar um carro. A aventura. Alcatrão com crateras e terra batida com outras tantas maiores e declives. Mas chegámos e lá fomos ultimar os preparativos para o primeiro de Junho. Numa ida a casa… “sinhora. O Crister, ontem, esteve a brincar com o seu macaquinho. Eli estava solto a brincar, ia para a frente e para trás ali, e eli chamou-o…” a segunda pessoa a falar das crianças do senhor Crispim. Lá fui, desta vez não à casa aqui ao lado, mas ao prédio, onde eles estão agora, e nada… novamente.
1º de Junho cheio. De crianças, brincadeiras, música, danças, correrias – nossas e deles -, preocupações, risos e gargalhadas, choros, bolos roubados e outros tantos dados, azagoa e carne, peixe e banana, arroz e sumo. Lambe de dedos e apanha do chão. Vestidos e calças, saias e blusas, tudo “chique a doer”. Mas… grande correria. Não há transporte suficiente para tanta criança. O sistema de som teve de ser compartilhado pelas escolas todas, e a tristeza porque os outros estão muito baixos… é de notar que com gritos e correrias mais o sistema de som mal se podia conversar. Dança… desde Deixa – dança tradicional do Príncipe – a Ventoinha, que os adultos iam tentando controlar, “é tipo tarrachinha mas mais extravagante”. E foi o dia inteiro numa correria e a preocupação para que tudo corresse bem, para além de um olhar constante para o relógio por causa do avião da Graça (mulher do Nicolau que viajou para São Tomé em serviço). “Não é às 13h, é às 15h”, mais descansada. Mas não era… era mesmo às 13h, o das 15h era outro (T.I.P.)!!! A loucura! E, claro, a confusão geral. Dois aviões no mesmo dia! E lá perdeu o avião… mas conseguiu apanhar o das 15h (T.I.P.)… E a pouco e pouco os conhecidos lá vão “desertando”… A noite terminou novamente no Prédio… outra criança que viu as crianças do senhor Crispim com o Gorila, desta vez nessa mesma manhã a passar em frente à igreja. Mas nada… e, estafada, lá vim dormir. Ou 8 ou 80, momentos muiiiiiiiiiiiito calmos ou a loucura total! Como foi o caso deste fim-de-semana, especialmente o dia de hoje. Não há meio termo… ontem havia outra festa…

domingo, 1 de junho de 2008

A pesca tem a ver connosco, as vacas têm a ver connosco!


(Título sencionalista e que pouco transmite o excelente conteúdo da conferência... :P)


E foi assim que começou o meu dia, na 6ª feira… a ouvir o presidente da assembleia dos Açores a falar sobre a autonomia aos Lungu’ihé. O parlamento açoriano está a cooperar com o parlamento de cá a fim de uma verdadeira autonomia para o Príncipe. Naturalmente que a U.E. e o continente/república foram focados. A importância dos açores exaltada e a forma como são “maltratados” pelo continente tocada levemente… O que é certo é que os Lungu’ihé os entendem muito bem. Como diz o Nestor, presidente da Assembleia de cá, “somos ilhéus, entendemo-nos, basta-nos um olhar.”, romântico… Gostei bastante da palestra e foi uma manhã bem passada, além de poder ouvir o nosso português, mesmo com um diferente tom. Uma sensação parecida com a que tive à noite, ao escutar a RFM, e perceber que estavam a transmitir o Rock in Rio. Já o tinha esquecido, totalmente a “leste” de tal febre, mesmo em anos anteriores, mas desta vez teve um sabor especial ouvir os Portugueses a cantar, artistas a falar e toda a agitação inerente a um concerto (especialmente numa noite em que a chuva era demais e que na rua não se via ninguém…). Nos entrementes lá fui dar um mergulho à praia Évora com a criançada, o Dunga e o Quinterr (que certamente era para se chamar kinder – surpresa-), e quero-vos dizer que no jogo da apanhada ninguém me apanhou, fui a que aguentei mais tempo debaixo de água e a 1ª a chegar nas corridas. O Quinterr e o Dunga têm a minha idade e são de Porto Real, o Dunga costuma estar em São Tomé, em Santo Amaro e já me conhecia de lá. Os restantes momentos, a tarde quase toda, foi passada com a criançada a preparar o dia delas, músicas, danças, jogos, enfeites, limpezas… um sem fim de actividades que no final da noite me atiraram para a cama exausta, mas sem antes ter de educar o Gorila, que várias tentativas fez para dormir na minha cama. Claro que não conseguiu e nem foi preciso prendê-lo.