quarta-feira, 2 de julho de 2008

E não consegui encontrar a ilustração de B.P.... do im (pontapé) possível!

Chove bué! “Ô dja!” – já há muitos dias, em forro, que não se via tal coisa, uns 15 dias... Bem que a Esperança esta manhã disse “Máfálda não ouviu? Roncou, abanou, dimais ê”, tinha trovejado e eu a dormir o sono dos anjos, “pensei qui ia chóvê essa manhã” mas não, estava sol… calor. Até que a meio da manhã… ameaçou. Parou. Desabou! Com sol, ainda, fui tomar o pequeno-almoço. A Juditinha está doente, disenteria, parece, e a quitanda está a grande confusão… “criança já não é como antis”, esta criança já é uma mulher feita (19 anos), mas cá parecem sempre mais novos, e ainda está ao cuidado da Juditinha, é criada por ela. Frutos (cá não podemos dizer fruta, fruta é fruta-pão, que serve para acompanhamento, pontada é óptima) para o pequeno-almoço, niente, nada, rien… o que vale é que me ofereceram um ananás faz dias e já está bom. Comi, com iogurte, não há leite na ilha. Iogurte, daqueles que eles cá fazem com leite em pó. Muito bom, tenho de aprender a fazer! Com o gorila no pescoço, e depois de lhe ter dado banho, fiz mais umas entrevistas… há tanta gente para ajudar… dói-me. Bastante mesmo. Sentir que não vamos chegar a todos, que os mais necessitados estão nas roças e os meios, humanos e materiais, são tão escassos. Especialmente os humanos… tão pouco qualificados ou desenrascados. Há tanto, tanto, tanto para fazer! E é tão difícil levar ajuda para as roças ou trazê-los à cidade é praticamente “impossível”, a esperança é, que, o, neste caso, a escuteira dá um pontapé no “im” do impossível!
Cá estou com o Gorila dormindo ao meu colo, tratando de burocracias e apreciando esta chuva. Como diz o Pde Manuel, Deus não me deu filhos mas macacos, então vou contar as últimas do Gorila… já está mais asseado, apesar de uns descuidos de tempos a tempos, que acontecem, ou em plena missa ou noutra ocasião, em que não posso ralhar com ele e pô-lo no chão devido ao estardalhaço que faz com a birra. Sim, faz birras e beicinhos. Quando tenho de o deixar em casa, guincha e berra como se o estivessem a matar… mas, entretanto, já descobriu o giro que é brincar às escondidas e à apanhada – não acho muita piada, especialmente quando temos de sair. Adora, também, brincar deitado comigo, pula, pendura nos braços, dá cambalhotas. A novidade é que já anda sozinho pelo quintal e pelo centro sem tentar fugir, sempre atrás de mim, com um pedra atada aos quadris para eu o ir ouvindo – já procurei sinos e… nada. Procurar em São Tomé quando lá for! Entretanto lá continuo nas aulas de Lung’ihé e hoje vou começar a dança, talvez hoje não por causa do pé - que, finalmente, já está melhor. Ontem decidi ir às irmãs… “certamente que uma é enfermeira ou médica”, lembrei-me eu ontem à tarde, depois de algumas dores a mais, e era. Lá me tratou disto como deve ser e lá me deu antibiótico, o que o médico me tinha receitado não havia na ilha!

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