claquete, está a rodar, accção!

Estas três palavras começam a fazer parte do meu vocabulário... e tem sido uma experiência bem gira e também cansativa, mas muito, muito interessante e através das fotografias e do viver se entende melhor, ainda assim vou tentar explicar... 7 da manhã e correr, era suposto apanharem-me às 7h30, mas às 7h e pouco ligam-me a dizer que estão a apanhar-me. A base é ao lado de minha casa. Tinha planeado fazer torradas e um batido de banana... lá foi "por água abaixo". Entrar na hiace rapidamente que a chuva caía com a sua força típica de São Tomé e partir em direcção ao Miramar onde as estrelas portuguesas estão hospedadas. Sou a Clarisse, e vocês? "Oh... eu sou o teu marido..." Era o Joaquim, que afinal se chama João Pedro, "Minha cunhada", era o Peter a encarnar desde logo o Filipe e seguiu-lhes o Moura Neves que mais facilmente tratamos por Efe. Com fome o Peter partilhou comigo uma das suas bananas maçã e lá fomos até Monte Forte, depois de Neves. Chegados grande rebuliço... montagens, enquadramentos, vestir "qual dos vestidos?" "Como é exterior talvez este de manga curta..." "Não te esqueças da cruz com a fita preta, assim a cair na ponta do decote" "ah... e a barriga!!!" - a Clarisse está grávida - e já me chamavam para fazer o cabelo, o penteado... que trinta e um "o cabelo é mole..." "ah... assim não vai dar" "tá feio... muda isso, faz assim e assado" e ao fim de me trocarem o penteado umas 3 ou 4 vezes lá decidiram "é melhor ficar só com 2 cabelos!" Dois cabelos?! "Duas tranças..." E com muita laca lá me conseguiram fixar o penteado, maquilhar e esperar, esperar... olha mais para ali, e agora vem para aqui, e agora repete, e agora diz o texto, vamos bater texto, outra vez, agora deste plano e lá se foi muito ouvindo "claquete!" "Está a rodar..." "Acção!!!" "Clarisse... quando digo acção respire fundo e com calma entre." Era a dica do realizador para o meu engasganço à primeira ordem para eu entrar, e eue até estava sentada a coser uma camisa, várias botões que serão os botões mais cosidos da história do cinema, hoje já decidi coser as bainhas! E foi assim a minha segunda-feira, passada na pele de uma mulher de má origem, casada com um roceiro na falência e farta de estar por cá, grávida e com raiva do cunhado e da escrava com quem este está metida, a quem aproveita para dar um estalo, muito bem dado! (modéstia à parte... ;) ) Uma cena muito engraçada e à qual felizmente consegui transmitir realismo sem magoara a Ira, no entanto a Anta ficou ferida na sua condição de ser humano (Ira é o nome verdadeiro da Anta). E escureceu e tivémos que ficar por aí... Ontem foi dia de trabalho no escritório com última revisão no contrato, Árabe e Português a terem de bater a "bota com a perdigota", dar aulas e... hoje foi bem mais cedo. 6 da manhã... e como custou depois de uma noite sem água e a ter de tratar de uma queimadura feita numa brincadeira de bicicleta. As dores durante o dia não deixaram esmorecer a vontade de dar tudo por tudo nas cenas e muito menos de nos enquadramentos fazer rir o câmara, o director de fotografia e todos os que por ali passavam e me viam com caretas expressões e palhaçadas que terminavam assim que se ouvia "claquete" e passava a estar sisuda, com raiva e dissimulada por querer sair dali mas não querer ir para o Brasil no próximo Navio como foi decidido pela besta do meu marido!!! Amanhã vais ser a partida num carro de bois, de boi! Boi esse que hoje estava difícil de deixar colocar o tal carro... vamos ver!