sexta-feira, 20 de junho de 2008

Leve-leve só...

Comendo coco, educando o Gorila, sentada na torre dos sinos e ouvindo as crianças chamarem o Gorila de Mafaldo, aprecio a imensidão do Ôbô. Como não ser leve-leve quando há tanto para apreciar? Hoje o Tiobaldo, regressado de Portugal ontem, contava que, “uiii”, careta, gestos rápidos com as mãos, “é preciso dinheiro”, “eu aqui habituado ao meu leve-leve…”. Quando tantos querem ir para lá, outros vão descobrindo que, apesar de tudo, por cá a qualidade de vida é diferente, e é tão boa. Mais pobre, confusa até, misteriosa. Mas tudo vai correndo, tudo é gozado. Também faz falta um pouco de bala-bala… e ontem lá se foram mais uns para a “civilização”, a Joana e o Rodrigo regressaram a São Tomé. Foi bom mostrar-lhes este paraíso perdido, ficar a saber que os que com eles se cruzaram sentiram que eles estavam a gostar e ouvir a Juditinha dizer que todos os amigos que me vêm visitar ficam a gostar do Príncipe, que eu sei passar-lhes o meu gostar… quem diria? Eu que sonho com São Tomé, chamo à ilha desterro e anseio por emergir… mas também aceitei continuar a missão até Outubro. Apesar de desterro tem os seus encantos. E as pessoas são o seu maior encanto. Quem parte lá me lembra que vou voltar a ser a única branca na ilha (e é tarefa difícil num clima em que é sempre primavera), que vão comer hamburguers, chocolates, sumos, ver carros… quem me vê ficar lá adverte quem vai “qui máfálda já não vai não” e que “as saudades moem mas não matam”. A pouco e pouco lá se vai chegando… até o secretário da Assembleia Legislativa que não podia com a minha descontracção, nem com o Gorila, já sorri e até pede licença e acena ao fechar a janela, apesar de eu estar longe. A arrumação do lar continua, agora os últimos retoques… limpezas… “Mafalda é muito eficiente” – e passa uma senhora de alguidar rosa na cabeça a gritar “macho pombo”, não gosto… tem muitas espinhas – e agora? O que há para fazer? Ler o código civil, ver Lost, recordar o Francês, Alemão… tanta coisa! Comentar a crise política… há sempre pormenores a ajustar. Hoje não fui à praia!

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