quinta-feira, 29 de maio de 2008

E quando não há nada para fazer…


Encontra-se!!! E, assim, o dia de ontem, que podia ter sido desgastante pela inércia, pela falta de trabalho, pela calma, não o foi. Aproveitei-as todas… e, assim, consegui contar-vos um pouco dos primeiros 6 meses, consegui falar com cada pessoa que ia vendo, na net e por aqui, coloquei fotografias e a bandeira no quarto (agora está mais meu), acompanhei e fui acompanhada, aprendi lungu’ihé (é assim que se escreve!!! Esqueçam as formas dos posts anteriores), brinquei com o Gorila, ensaiei as crianças para o 1 de Junho, passei no Járdim, ensinei músicas novas, meti-me e deixei que se metessem comigo . Não li, nem vi filme algum. Aproveitei o ar livre, o não estar a chover, o banho de uma hora na praia, ao final da tarde, e o serão na internet sentada no banco ao pé do adro da casa do Padre. Uma luta constante com os mosquitos… mas dentro do carro seria o mesmo! E pude apreciar o céu estrelado. Maravilhei-me com os miúdos a vender o pof-pof (uma espécie de bola de Berlim mas sem a forma de bola, maior e com mais consistência – muito bom!), com a curiosidade e o à vontade daqueles que já me conhecem. Nestas andanças dei-me conta que poucos sabem o que ando a fazer por aqui… mas, mesmo assim, gostam da minha presença. Os que sabem que sou da Santa Casa apreciam ainda mais esta minha estadia. O Centro de Dia para o qual estou a fazer o levantamento das necessidades e preparar a abertura foi já inaugurado há mais de um ano e nunca funcionou… Mais uma razão para os Lungu’ihé acharem que São Tomé os esquece ou então tudo o que não presta é para aqui enviado/mandado. Espanta-os eu estar cá!!! Eles é que ainda não me conhecem… E, nas conversas, fui-me lembrando de cada idoso que conheci, de cada alguém com quem falei e da simplicidade com que vive a vida. O “está na graça de Deus” como resposta à pergunta pela saúde, e, depois, descobrir que afinal tem reumatismo, um pé aleijado e cansaço, bastante, de uma vida em trabalho árduo. Ou a boa disposição de um tão elaborado “vê, como sinha ôlha, trabalha, come, fuma. Nada”. Um “é assim só, não dá mais” com o olhar de quem olha o seu braço aleijado aceitando-o. E, ainda, o “vive, vai vivendo, bocadinho daqui, bocadinho dali” explicando como consegue viver sem reforma, sem campo, sem ajudas e sustentando 9 pessoas. A solidariedade… o não querer que os filhos e netos sofram com o trabalho como eles sofreram, e, assim, aceitam o não fazerem nada quando afinal há tanto capim para cortar.
E, agora, aproveitar outro dia que amanheceu claro… ensaiar as crianças e receber mais mimos da Fátima, a senhora que limpa o lar… outro mamão para o pequeno-almoço! A vocês? Deixo-vos este sorriso…

BON DIÁ Ô!!!

Sem comentários: